Paramiloidose: ela saiu do laboratório e fez um documentário

Joana Barros fez doutoramento em Genética Molecular, mas não gostava da vida de laboratório. A sua primeira longa-metragem chama-se "A história de um erro"

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"A história de um erro", primeira longa-metragem de Joana Barros, não se limita a ser um documentário sobre a paramiloidose nem tem nenhuma mensagem associada.

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"A história de um erro", primeira longa-metragem de Joana Barros, não se limita a ser um documentário sobre a paramiloidose nem tem nenhuma mensagem associada.

Tal como explicou a realizadora ao P3, este documentário, que marca a sua estreia, foi apresentado no Curtas de Vila do Conde e pretende ser "uma fonte de conhecimento fidedigno sobre temáticas interessantes para o público geral" e, ao mesmo tempo, dar informação relevante aos afectados por esta doença, com grande prevalência em Portugal, mas "sem melodramatizar".

Existem muitos mitos e histórias romanescas associados à "doença dos pezinhos" (não confundir com o diagnóstico precoce feito aos bebés) que não correspondem à verdade ou, pelo menos, não são ainda cientificamente corroborados.

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O documentário pretende dar informação relevante aos doentes

Nesta longa-metragem o protagonista deixa de ser o cientista para passar a ser uma doença ou, se preferirmos, um objecto da investigação científica. A autora procura esclarecer como a doença é transmitida hereditariamente e quais as alternativas que os doentes têm para a debelar, sobrevivendo ou possibilitando-lhes ter filhos sem lhes transmitirem essa herança genética, explica a realizadora.

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Realizadora do documentário, Joana Barros

Joana, portuense de 38 anos, fez doutoramento em Genética Molecular, em Inglaterra, mas não gostava da vida de laboratório: "O querer descobrir é muito enriquecedor, mas para chegar aí é um trabalho muito árduo e repetitivo e cheio de frustração", diz. "Percorrem-se muitos caminhos que não vão dar a lado nenhum e tudo em prol de um pequeno pormenor - só assim se trabalha em Ciência, em pormenores muito pequeninos - que nos faz esquecer e não ter tempo para ver a imagem maior, o grande contexto."

Oportunidade de continuar a trabalhar na ciência fora dos laboratórios

O projecto de pós-doutoramento da cientista/realizadora, financiado por uma bolsa atribuída pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a Fundação Calouste Gulbenkian, consiste em usar a linguagem audiovisual como ferramenta de divulgação científica, não se limitando a veicular informação sobre um determinado tema, mas, essencialmente, estimular nas pessoas um pensamento crítico sobre Ciência.

Uma nova forma de chegarem a públicos diferentes

Como divulgar a ciência?

Associação Viver a Ciência concilia a ciência com outros gostos pessoais

Na sua experiência no estrangeiro observou que existe um esforço para fazer uma comunicação da Ciência atractiva para o público em geral, algo que era praticamente inexistente no nosso país. Foi então que surgiu a sua ligação à Associação Viver a Ciência (VAC). Aí encontrou muitas pessoas com formação na mesma área e a mesma percepção da realidade existente no exterior.

Paramiloidose é uma doença com grande prevalência em Portugal

O trabalho da VAC é o de apresentar a Ciência recorrendo a diferentes linguagens artísticas (como cinema, comédia, literatura infantil, etc.), mas sendo ao mesmo tempo rigorosa na terminologia e nos conceitos apresentados.

O objectivo é dar a conhecer conteúdos científicos ao maior número de pessoas. Os festivais de cinema apresentam estes temas a um público que de outra forma não os procuraria. Porém, o festival está limitado a uma exibição e a um número limitado de espectadores. E é por isso que Joana Barros diz que o próximo passo será criar ligações a redes de cineclubes para fazer chegar este documentário ao maior número de pessoas possível, principalmente, fora dos grandes centros urbanos.

Paralelamente, está em andamento a criação de um festival/mostra, nacional e internacional, de documentários sobre Ciência. Por um lado, vai mostrar o que se faz pelo mundo fora e, por outro, estimular a produção nacional com a criação de um prémio que envolva escolas de cinema e universidades séniores numa dinâmica intergeracional.

O seu primeiro trabalho foi um livro ("Profissão Cientista: Retrato de uma geração em trânsito", distribuído com o PÚBLICO a 27 de Novembro de 2005), que traça o retrato de 14 jovens cientistas portugueses, com menos 40 anos, em início de carreira. Esse primeiro trabalho deu origem a um programa de televisão e rádio.

Outro dos seus trabalhos foi "Vidas a Descobrir – Mulheres Cientistas do Mundo Lusófono". Um livro que, segundo Joana Barros, é mais uma tentativa de quebrar estereótipos e que nos fala sobre as mulheres cientistas de língua portuguesa que singraram no estrangeiro, mas que continuam os seus projectos de investigação ligadas ao seu país de origem.