Ministra das Finanças: Emails eram "insuficientes" para conhecer dimensão do problema

Maria Luís Albuquerque reitera que não mentiu e Passos Coelho diz que mantém "toda a confiança" na ministra das Finanças.

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Maria Luís Albuquerque esteve ontem num briefing com jornalistas por causa da polémica dos swaps Enric Vives-Rubio

“Tenho memória [da recepção dos emails]. Continuo a dizer que não menti”, afirmou Maria Luís Albuquerque, em entrevista à SIC, no dia em que a Lusa noticiou que Pedro Felício enviou à agora ministra das Finanças, em Junho e Julho de 2011, emails que já continham informação sobre swaps e indicavam uma perda potencial de 1500 milhões de euros.

Face a estes desenvolvimentos, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, mantém “toda confiança” na ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou à agência Lusa fonte do gabinete do chefe do Governo.

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“Tenho memória [da recepção dos emails]. Continuo a dizer que não menti”, afirmou Maria Luís Albuquerque, em entrevista à SIC, no dia em que a Lusa noticiou que Pedro Felício enviou à agora ministra das Finanças, em Junho e Julho de 2011, emails que já continham informação sobre swaps e indicavam uma perda potencial de 1500 milhões de euros.

Face a estes desenvolvimentos, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, mantém “toda confiança” na ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou à agência Lusa fonte do gabinete do chefe do Governo.

Reiterando que a informação sobre os swaps não constava na pasta de transição que recebeu do anterior Governo, Maria Luís Albuquerque rejeitou ter desvalorizado o problema, defendendo que só foram tomadas medidas em 2013, porque antes tinha que “ser conhecido no seu conjunto”.

“Tínhamos conhecimento de 146 ou 147 operações e acabaram por ser analisadas mais de 250, porque foi preciso ir à procura do histórico”, exemplificou.

“Com certeza que não andei a empurrar com a barriga”, garantiu a ministra, adiantando que o Governo começou a tratar do problema “ainda em 2011”, mas que só em Janeiro deste ano teve acesso ao relatório do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, que permitiu “tomar decisões”.

Em entrevista à SIC, Maria Luís Albuquerque realçou a recomendação do IGCP para “evitar decisões casuísticas antes de conhecer o todo, que poderia impedir encontrar a melhor solução”.

O PCP requereu esta quinta-feira uma nova audição, com carácter de urgência, da ministra de Estado e das Finanças, na comissão parlamentar de inquérito aos contratos swaps para esclarecer "novos dados e informações obtidas".

Maria Luís Albuquerque disse que regressará “à comissão de inquérito pelo menos mais uma vez para prestar esclarecimentos”, reiterando que mantém “inteiramente” o que disse na primeira audição, a 25 de Junho.

Albuquerque afirmou então que na pasta de transição nada constava sobre o tema e que "não havia qualquer documentação, nem nada de novo a transmitir, porque a informação tinha sido solicitada e apenas isso”.

A 1 de Julho, durante o primeiro briefing diário do Governo, reiterou que na pasta de transição recebida do seu antecessor "nada constava sobre os swaps".

"Na pasta de transição entre mim e o então secretário de Estado Carlos Costa Pina esta questão [dos swaps - contratos de derivados financeiros sobre taxas de juro] não foi suscitada e não consta qualquer documento sobre esta matéria, nem o despacho que o [então] secretário de Estado emitiu com data de 9 de Junho de 2011, já depois das eleições", garantiu.

Depois de o anterior ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, ter garantido à Lusa ter informado o seu sucessor, Vítor Gaspar, de "toda a informação necessária" sobre os contratos swaps envolvendo empresas públicas, o Governo admitiu que a questão dos contratos swaps "foi abordada na reunião de transição" entre ambos, a 18 de Junho de 2011, mas alegou que a informação disponibilizada foi insuficiente.

"Mais uma vez não havia qualquer documentação, nem nada de novo a transmitir, porque a informação tinha sido solicitada e apenas isso", disse Albuquerque a 1 de Julho, acrescentando que "aquilo que existia era um pedido de informação às empresas feito através da DGTF", Direcção Geral do Tesouro e Finanças, e que deveria passar a ser incluída nos relatórios periódicos desta entidade.

Maria Luís Albuquerque reiterou que o que se sabia em agosto de 2011 resultava do boletim da DGTF sobre o sector empresarial do Estado relativo ao segundo trimestre daquele ano e tratava-se apenas de "informação numérica", mas não sobre quaisquer problemas nos contratos, a sua natureza, características ou opções de vencimento na antecipado.

Nos emails trocados entre o ex-director-geral do Tesouro e Maria Luís Albuquerque, a que a Agência Lusa teve hoje acesso, no Verão de 2011 é feito em primeiro lugar um ponto de situação sobre o valor a preço de mercado dos contratos swaps nas principais empresas (Metro de Lisboa, Metro do Porto, CP e Refer).

A troca de emails a que a Lusa teve acesso diz respeito aos dias 29 de Junho, 18 de Julho, 26 de Julho e 01 de agosto.

A investigação aos contratos derivados de taxa de juro [swaps] subscritos por várias empresas públicas, sobretudo da área dos transportes, detectou contratos problemáticos com elevadas perdas potenciais para o Estado.