Papa Francisco alerta a juventude contra os “ídolos passageiros”
Pelo menos 150 mil peregrinos estiveram em Aparecida, onde se realizou uma homilia simples.
Do lado de fora do santuário, ao frio e à chuva, uma multidão acompanhou em “telões” a primeira missa celebrada pelo Papa latino-americano, em português e “com pouco sotaque”, elogiou a imprensa brasileira. Pelo menos 150 mil peregrinos estiveram na cidade, avançaram as autoridades.
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Do lado de fora do santuário, ao frio e à chuva, uma multidão acompanhou em “telões” a primeira missa celebrada pelo Papa latino-americano, em português e “com pouco sotaque”, elogiou a imprensa brasileira. Pelo menos 150 mil peregrinos estiveram na cidade, avançaram as autoridades.
Um forte aplauso ecoou quando o Papa recebeu das mãos do arcebispo de Aparecida uma réplica da imagem da santa, e em vários outros momentos da liturgia — tal como gritos de “Viva o Papa” e “Francisco, Francisco”, que se transformou no refrão de um dos cânticos entoados num ritmo tropical.
“Venho bater à porta da casa de Maria, a casa da mãe de cada brasileiro”, explicou o pontífice, para pedir o sucesso da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro — que arrancou oficialmente com a chegada da cruz peregrina e da imagem da Virgem Maria à praia de Copacabana — e também “transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno”.
Francisco encontra-se hoje pela primeira vez com os cerca de 500 mil jovens que estão no Rio para participar na 28.ª edição das jornadas. No seu curto sermão, o Papa reconheceu as dificuldades e os constrangimentos que a vida contemporânea exerce sobre a juventude — que, sublinhou, é “um motor potente para a Igreja e para a sociedade”.
“É verdade que hoje as pessoas experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer”, enumerou. “Frequentemente, uma sensação de solidão e vazio conduz à busca dessas compensações, esses ídolos passageiros”, alertou. “Mas tenhamos uma visão positiva sobre a realidade”, recomendou.
Na sua mensagem — que retomou os temas que já enumerara na mesma basílica, em 2007, durante a reunião geral dos bispos da América Latina —, o Papa não só abordou os problemas com que se confrontam os jovens mas também reconheceu as dificuldades que a Igreja Católica enfrenta no continente: pressionada pelo crescimento dos cultos evangélicos e pentecostais, precisa de encontrar maneiras para inspirar os seus fiéis e revigorar a fé.
De resto, analisava o jornalista da Folha de S. Paulo Reinaldo José Lopes, foi uma “homilia simples”, que confirmou a vocação do Papa jesuíta para “actuar como pároco de todos os católicos”: o sermão poderia ter sido pronunciado por qualquer padre na missa de domingo, considerou. No final, Francisco reforçava essa imagem pastoral, acedendo a todos os pedidos de cumprimentos, distribuindo beijos e abraços e até posando para as fotografias.
Na tribuna Bento XVI, já no exterior do edifício, o Papa recorreu ao seu castelhano natal para se dirigir à multidão. “Eu não falo brasileiro, me perdoem. Muito obrigado, do coração, por estarem aqui”, disse Francisco, que prometeu regressar em 2017, quando se comemorarem os 300 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba.
Um apertado esquema de segurança foi montado para a visita do Papa a Aparecida do Norte, com cerca de 5000 homens do Exército, polícia e serviços de emergência envolvidos na operação. Além de 15 casos clínicos, que obrigaram à intervenção de equipas médicas, não se registaram ocorrências: o único “caso” político, uma pequena manifestação do Movimento dos Trabalhadores Sem Tecto — que, segundo a BBC Brasil, protestavam “contra o extermínio dos jovens negros nas periferias, pela desmilitarização da polícia e contra os despejos provocados pelas obras da Copa do Mundo” —, decorreu tranquilamente e longe da basílica.