A revolução do design thinking
Desde 2009, multiplicaram-se os livros sobre design thinking aplicado à gestão, com especial destaque para Tim Brown, CEO da Ideo, e Roger Martin, diretor da Escola de Gestão da Universidade de Toronto.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Desde 2009, multiplicaram-se os livros sobre design thinking aplicado à gestão, com especial destaque para Tim Brown, CEO da Ideo, e Roger Martin, diretor da Escola de Gestão da Universidade de Toronto.
Dada a natureza interdisciplinar e difusa do conceito, é preferível explicar design thinking por intermédio de cinco metáforas: lógica, sistema, processo, inovação e organização. Enquanto lógica, envolve pensamento analítico e intuitivo para reenquadrar situações problemáticas que o método científico não consegue resolver. Em particular, implica a invenção de causas e mecanismos causais não existentes para produzir efeitos desejados pelo ser humano.
Enquanto sistema, envolve três constrangimentos em simultâneo: a desejabilidade humana, a possibilidade técnica e a viabilidade económica. É a harmonia entre estes três constrangimentos, além do permanente constrangimento temporal, quedistingue o verdadeiro desenho de excelência.
Enquanto processo, envolve inspiração, ideação e implementação. Estas três fases, por seu turno, desdobram-se em passos e técnicas cuja prescrição varia com o autor. A inspiração pressupõe investigação histórica, etnográfica e fenomenológica.A ideação pode incluir
brainstorming, prototipagem, bodystorming, storyboarding, cenários e feedback dos utilizadores. A implementação tenta refinar o custo, a produção, o controle de qualidade e a manutenção daquilo que é inventado.
Enquanto inovação, é centrado no ser humano e permite às organizações gerirem um portfólio de quatro tipos de projetos. Para utilizadores atuais, projetos de gestão incremental que atualizam a oferta atual (e.g. novo modelo do mesmo carro) eprojetos de extensão evolucionária que criam novas ofertas (e.g. carro elétrico). Para novos utilizadores, projetos de adaptação evolucionária que adaptam a oferta atual (e.g. carro micro) e projetos de criação revolucionária que criam novas ofertas (e.g.nova forma de transporte).
A criação revolucionária é a forma menos comum de inovação mas a mais apetecível, dado que cria novas indústrias também conhecidas como “oceanos azuis”.
Finalmente, enquanto organização, o design thinking requer compromisso por parte da gestão de topo e co-criação de novas heurísticas e algoritmos com base em workshops interdisciplinares, projetos-piloto e espaços dedicados. O design thinkingassume-se, pois, como uma nova forma de pensar e de inovar que promete revolucionar a forma como indivíduos, organizações e comunidades resolvem os seus problemas. Uma revolução de que Portugal bem precisa.