Nelson está a vender compotas para ir de Erasmus
Missão Das Kompott é o nome do projecto de Nelson Coelho, um estudante de Design de Equipamento que criou uma espécie de crowdfunding caseiro. O objectivo é financiar o programa Erasmus
Assim que soube que tinha sido aceite para o programa Erasmus, Nelson Coelho começou a fazer contas. Para estudar na Hochshule fur Bildende Kunste, em Braunschweig, na Alemanha, o jovem de Braga precisa de, pelo menos, 700 euros por mês — e a bolsa do programa Erasmus ronda os 230.
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Assim que soube que tinha sido aceite para o programa Erasmus, Nelson Coelho começou a fazer contas. Para estudar na Hochshule fur Bildende Kunste, em Braunschweig, na Alemanha, o jovem de Braga precisa de, pelo menos, 700 euros por mês — e a bolsa do programa Erasmus ronda os 230.
“Comecei logo a pensar fazer alguma coisa para ganhar uns trocos”, conta Nelson ao P3. No início só tinha “ideias estúpidas”. Até que após passar por uma mercearia, “com uns morangos muito bonitos e cheirosos”, a ideia de fazer compotas caseiras surgiu.
A Missão Das Kompott assumiu a forma de uma espécie de campanha de crowdfunding, “através do qual todos aqueles que assim entenderem podem participar, recebendo em troca compotas cujo tamanho depende do valor da contribuição que cada um pretende dar”, pode ler-se na apresentação da página de Facebook.
Para os cinco meses em que lá vai estar, o jovem de 26 anos precisa de cerca de dois mil euros. E, para os conseguir, estima precisar de vender mil frascos de compota. O estudante de Design de Equipamento na Faculdade de Belas Artes de Lisboa já vendeu mais de 150 unidades (para várias cidades portuguesas e também para o estrangeiro) e conta com a ajuda de várias pessoas. É que Nelson nunca tinha feito compotas — teve de pesquisar receitas e parece que descobriu um talento.
Disponíveis há compotas de frutos vermelhos, maçã e canela, morango, abóbora, limão e hortelã ou malagueta. Os frasquinhos mais pequenos custam um euro, os maiores podem chegar aos 4,5 euros. A imagem gráfica da Missão Das Kompott foi criada pelo próprio.
Um mealheiro para partir em Outubro
Nelson está a produzir os doces “a fundo perdido”. “Todo o dinheiro que recebemos das compotas vai para o mealheiro, que só será aberto em vésperas da minha partida”, refere. A partida acontece, em princípio, em Outubro e a ideia é prolongar a estadia para um ano lectivo inteiro, ao invés de apenas um semestre.
Enquanto estiver em Braunschweig, Nelson quer ainda aprofundar o alemão para se candidatar, posteriormente, a um mestrado em Design Industrial na mesma universidade — o design automóvel é a área de especialização que mais o atrai.
A casa de Nelson, em Lisboa, está transformada em armazém de compotas: prontas para ser vendidas já há mais de 150. Em apenas duas semanas de Missão Das Kompott, a página de Facebook ultrapassou os 350 "gostos". As encomendas podem ser feitas através da rede social ou do e-mail.