Quercus contesta nova fábrica de cal junto às serras de Aire e Candeeiros
Ambientalistas denunciam corte "ilegal" de árvores, algumas protegidas. A empresa nega e diz que já entregou o estudo de impacto ambiental, estando a aguardar resposta das autoridades.
Em comunicado, os ambientalistas alegam que o promotor, a empresa de produção de cal MicroLime – Produtos de Cal e Derivados, avançou já com uma “desmatação ilegal” numa área de pinhal, que tem também eucaliptos e azinheiras "protegidas", ao lado da Estrada dos Fornos, no limite do parque. Diz também que não foi apresentado qualquer estudo de impacte ambiental (EIA).
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Em comunicado, os ambientalistas alegam que o promotor, a empresa de produção de cal MicroLime – Produtos de Cal e Derivados, avançou já com uma “desmatação ilegal” numa área de pinhal, que tem também eucaliptos e azinheiras "protegidas", ao lado da Estrada dos Fornos, no limite do parque. Diz também que não foi apresentado qualquer estudo de impacte ambiental (EIA).
Contactado pelo PÚBLICO, o administrador da MicroLime, Brites Fernandes, nega. “Não fizemos rigorosamente nada no local a não ser uma limpeza da biomassa deixada pelos anteriores proprietários”, afirma, acrescentando que foram eles que cortaram as árvores. “Aquilo estava cheio de ramagens e havia risco de incêndio”, argumenta.
Segundo Brites Fernandes, o EIA e o pedido de licenciamento do projecto foram entregues no início de Julho à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro. O pedido de informação prévia foi já aprovado pela Câmara de Ourém e foi-lhe atribuído o estatuto de projecto de interesse público municipal, acrescenta o administrador. “Aguardamos pela análise que as autoridades vão fazer. Até lá não fazemos comentários”, declara.
Impacto no aquífero
A Quercus, que diz ter recebido “vários alertas de cidadãos da localidade da Maxieira e de outras localidades próximas” sobre o projecto, denuncia que o local onde será construída a fábrica fica sobre o aquífero do maciço calcário estremenho, onde existe uma dolina (covão) “importante para a recarga do aquífero”. Esta “foi afectada pelas obras já efectuadas”, garante.
A associação está também preocupada com o possível impacto na qualidade do ar, devido à libertação de partículas, monóxido de carbono e dióxido de enxofre, bem como de poeiras associadas ao tráfego de veículos pesados.
Os ambientalistas já se tinham manifestado contra a instalação desta fábrica a 1600 metros do Santuário de Fátima, local para onde estava inicialmente prevista. A Câmara de Ourém procurou encontrar uma localização alternativa para a unidade.
Entretanto, “o promotor, sem qualquer estudo, licenciamento ou, sequer, enquadramento no PDM [Plano Director Municipal] de Ourém, iniciou a compra dos terrenos e desmatação para construir a fábrica a vários quilómetros do local para onde esta tinha sido inicialmente prevista”, diz a Quercus.
Em declarações à Lusa, o vice-presidente da Câmara de Ourém, José Alho, ressalva que o novo espaço está integrado numa zona de exploração de pedreiras e tem um histórico de empresas de tratamento de cal. “Esta alternativa, que fica fora do PNSAC e da Rede Natura 2000, teve em conta que a localização inicial [Cova da Feitosa] tinha impacto turístico e nas populações”, afirmou.
No entanto, acrescenta, “o corte de árvores obrigou à abertura de um processo de contraordenação que corre pelo município”, tendo sido informadas entidades como a CCDR do Centro e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
De acordo com a Lusa, a fábrica representa um investimento de 25 milhões de euros, estando prevista a criação de 14 novos postos de trabalho directos e entre 56 a 60 postos de trabalho indirectos, associados ao transporte de produtos, manutenção, limpeza e contabilidade.