PSD acusa PS de “irrealismo” e diz estar de “consciência tranquila”

Partido afirma que estava disponível para fazer "concessões políticas" aos socialistas, incluindo eleições antecipadas.

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Moreira da Silva garantiu que a coligação tem coesão para continuar Nuno Ferreira Santos

Jorge Moreira da Silva, numa declaração de reacção ao fracasso do diálogo para o compromisso de salvação nacional pedido por Cavaco Silva e às declarações proferidas na sexta-feira pelo secretário-geral do PS, garantiu ainda assim que o actual Governo de coligação considera que “existem condições de estabilidade e de coesão” para continuar à frente do país.

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Jorge Moreira da Silva, numa declaração de reacção ao fracasso do diálogo para o compromisso de salvação nacional pedido por Cavaco Silva e às declarações proferidas na sexta-feira pelo secretário-geral do PS, garantiu ainda assim que o actual Governo de coligação considera que “existem condições de estabilidade e de coesão” para continuar à frente do país.

O líder do PS, António José Seguro, tinha apontado o dedo aos dois partidos da coligação, responsabilizando-os por terem inviabilizado o "compromisso de salvação nacional" ao não aceitarem as suas propostas de incentivo ao crescimento da economia e redução da austeridade. "Este processo demonstrou que estamos perante duas visões distintas e alternativas para o país", apontou. "Manter a direcção ou dar um novo rumo", completou.

“Portugal está sob um programa de assistência financeira e essa é a realidade”, reagiu o vice-presidente do PSD. O partido, acrescentou, estava disponível "para fazer concessões políticas ao PS” – o que não chegou a acontecer porque “isso pressupunha por parte do PS uma posição realista”.

“O PSD acolheu o apelo do Presidente da República de forma empenhada e aberta, embora conhecendo a crispação do discurso político dos partidos da oposição”, disse Moreira da Silva na sede do partido em Lisboa. E adiantou que “o PSD admitiu a alteração do calendário eleitoral”, o que “prova o realismo mas também o espírito de abertura e de compromisso ao serviço de Portugal” dos sociais-democratas na procura de um "quadro de sustentabilidade financeira, económica de longo prazo".

Segundo Moreira da Silva, a equipa de negociação socialista contou com “toda a informação disponibilizada pelo Governo” e necessária ao debate, mas que houve falta de “realismo dos partidos face ao quadro de possibilidades” e ausência de “propostas concretas” que não passassem pelo aumento da carga fiscal, pelo alargamento dos prazos negociados com a troika [Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu] ou pelo pedido de mais verbas.

“Lamentamos o resultado deste processo de diálogo mas os portugueses sabem que podem continuar a contar connosco e que preferíamos que tivesse sido alcançado um compromisso alargado”, afirmou Moreira da Silva, que liderou a delegação do PSD no processo de conversações com o PS e o CDS-PP, sublinhando que dialogaram por “convicção e não por conveniência”.

Sobre a coligação, o social-democrata admitiu que “tal como em todos os Governos de coligação”, existiram “problemas e diferenças de opinião” mas que “foram sempre enfrentadas e superadas sob a liderança do primeiro-ministro com celeridade”.

"Agora acabou o tempo dos partidos"
O PSD considera que “agora acabou o tempo dos partidos” e que “é o tempo do Presidente da República” se pronunciar sobre o resultado das conversações, um discurso que não quer condicionar. "Aguardamos com toda a serenidade", garantiu. Ainda assim, no final do discurso, Moreira da Silva insistiu que o executivo de Passos Coelho tem condições para “cumprir o memorando de entendimento e lançar as bases para o crescimento do país” além de 2014.

Cavaco Silva fica agora com o ónus de decidir o passo seguinte: ou mantém o actual governo, ou aceita a remodelação proposta por Passos Coelho e Paulo Portas. A margem de manobra do Chefe de Estado é curta. O próprio afastou a hipótese de promover um governo de salvação nacional, por impossibilidade constitucional. E pôs totalmente de parte, na declaração ao país a 10 de Julho, o cenário de eleições no imediato.

Também neste sábado o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou o PS por ter aceitado negociar um “compromisso de salvação nacional” com o PSD e CDS-PP e voltou a defender eleições antecipadas para resolver a actual crise política. Jerónimo de Sousa disse que o PS teve uma atitude de “cumplicidade”, por ter aceitado negociar uma solução sob condições pré-impostas pelo Presidente da República.