Israel vai libertar palestinianos presos há décadas

Medida surge depois de acordo para retoma das negociações de paz.

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John Kerry com o Presidente palestiniano Mahmud Abbas, sexta-feira MANDEL NGAN/AFP

A medida surge depois do anúncio feito sexta-feira pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de que as negociações de paz entre israelitas e palestinianos serão retomadas possivelmente na próxima semana, em Washington, depois de um hiato de três anos.

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A medida surge depois do anúncio feito sexta-feira pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de que as negociações de paz entre israelitas e palestinianos serão retomadas possivelmente na próxima semana, em Washington, depois de um hiato de três anos.

Os detalhes do acordo para a retoma do diálogo não foram divulgados. Mas Youval Steinitz disse à rádio pública israelita que “haverá um número limitado de prisioneiros libertados”, alguns dos quais detidos há três décadas em Israel.

Steinitz não esclareceu quando ocorrerá a libertação, dizendo apenas que acontecerá “por etapas”. “Trata-se, sem dúvida, de um gesto forte”, afirmou.

De acordo com a organização israelita de defesa dos direitos humanos B’Tselem, haverá 4713 palestinianos presos em Israel, dos quais 169 em detenção administrativa, por seis meses renováveis indefinidamente.

John Kerry anunciou em Amã, esta sexta-feira, que há uma base para um reinício das negociações entre israelitas e palestinianos.

Esta base ainda está a ser formalizada, acrescentou o secretário de Estado, pelo que não iria dar detalhes sobre ela. Mas “se tudo correr como esperado, conversações iniciais vão começar em Washington”, anunciou.

Congratulando-se pelo “passo significativo para a paz no Médio Oriente”, acrescentou que “a melhor maneira de dar uma hipótese a estas negociações é mantê-las privadas”.

Apesar de não terem sido avançados detalhes, sabe-se que em cima da mesa está a proposta da Liga Árabe de 2002, de um Estado israelita nas fronteiras anteriores a 1967, com um Estado palestiniano na Cisjordânia e Faixa de Gaza, que incluía ainda o reconhecimento e paz com 57 países árabes e muçulmanos.

Israelitas e palestinianos sentaram-se pela última vez em negociações directas em Setembro de 2010, mas as conversações terminaram rapidamente com a retirada dos palestinianos, em protesto pela decisão israelita de não prolongar uma moratória à construção em colonatos. Os palestinianos argumentam que, ao polvilharem a Cisjordânia e juntando-se uns aos outros, estes colonatos acabarão com a possibilidade de um Estado contíguo.

A situação piorou entretanto com Israel a anunciar construção em sectores mais sensíveis, que deixariam por exemplo Jerusalém-Leste, que os palestinianos querem para capital do seu Estado, cortado da Cisjordânia — uma medida tomada por Israel em retaliação contra a iniciativa unilateral palestiniana de reconhecimento de um Estado na ONU.

As negociações serão conduzidas por Tzipi Livni, a ministra encarregada do dossier do lado israelita, e Saeb Erekat, do lado palestiniano.

Prevê-se que as negociações abram sem pré-condições prévias, e a ideia é que durem de nove meses a um ano, segundo o diário israelita Yediot Ahronot.