Cavaco já navega rumo às Selvagens com as antenas ligadas a Lisboa

Crise política poderá voltar às mãos do Presidente ainda durante a viagem de menos de dia e meio à ilha das cagarras.

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Terá pela frente uma viagem tranquila. Prevê-se, segundo o oficial meteorologista da Fragata disse ao PÚBLICO, um mar calmo até à chegada ao sub-arquipélago. Vento já só mesmo justo às ilhas, mas ainda assim moderado a fresco de Nordeste. À chegada, a temperatura rondará os 18 graus e a agitação marítima será de 0,5 a um metro.

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Terá pela frente uma viagem tranquila. Prevê-se, segundo o oficial meteorologista da Fragata disse ao PÚBLICO, um mar calmo até à chegada ao sub-arquipélago. Vento já só mesmo justo às ilhas, mas ainda assim moderado a fresco de Nordeste. À chegada, a temperatura rondará os 18 graus e a agitação marítima será de 0,5 a um metro.

Um ambiente muito diferente da agitação que se viveu ao longo do dia em Lisboa.

Já ao despertar, agendado para as 6h, o Chefe de Estado deverá ter as primeiras novas informações da crise política, que tem o epicentro a mil quilómetros, mas que promete ser acompanhada com atenção nas Selvagens.

Belém já fez saber que o presidente terá contacto permanente com a capital da República.

Com uma moção de censura a ser apresentada no Parlamento nesta quinta-feira, o Presidente da República terá a sua atenção focada na importância do mar, na valorização da investigação científica e no património natural.

Porém, Belém já fez saber que estará sempre contactável. "O Presidente nunca ficará sem comunicações ou incontactável", garantiu fonte da Presidência da República aos jornalistas na passada terça-feira.

Em terra ou na Fragata Vasco da Gama, que esta noite levou o presidente do Funchal às Selvagens, a mesma fonte da presidência garantiu que a Portugal Telecom montou equipamento tecnológico que permitirá comunicações telefónicas e de dados permanentemente.

Cavaco Silva será o primeiro presidente a pernoitar neste sub-arquipélago e talvez o uso do equipamento tecnológico montado na Selvagem Grande venha a ter utilidade, uma vez que o PS reúne a sua comissão política, de onde poderá sair fumo branco ou negro ao dito acordo de “salvação nacional”.

Se o fumo for negro, o Chefe de Estado será apanhado na sexta-feira na Deserta Grande como uma decisão para tomar. O chamado plano B que ninguém ainda conhece. O seu regresso a Lisboa está previsto para as 12h25 de sexta-feira.

Na visita a este sub-arquipélago que confere a Portugal a maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da União Europeia, com 1,6 milhões de quilómetros quadrados, Cavaco Silva, será acompanhado pelo presidente do governo regional, Alberto João Jardim, e pelo representante da República na Madeira, Ireneu Barreto, entre outros membros da comitiva.

O objectivo da viagem é assinalar a "importância científica, ambiental e estratégica" do sub-arquipélago e o 50.º aniversário da primeira expedição científica àquelas ilhas.

A visita não será uma "réplica" das anteriores missões de Mário Soares (1991) e Jorge Sampaio (2003) de reafirmação da soberania nacional, estando focada na valorização da investigação científica, da importância do mar e do património natural.

De manhã, após uma breve visita à Selvagem Pequena, acompanhada pelo director do Parque Natural da Madeira, Cavaco Silva embarcará no navio oceanográfico Almirante Gago Coutinho, que levará a comitiva para a Selvagem Grande.

A bordo, assistirá à descida do "ROV Luso" no mar, um veículo de operação remota com capacidade de mergulhar a seis mil metros de profundidade, e a um briefing sobre a extensão da Plataforma Continental e a Estratégia Nacional para o Mar.

A meio da tarde, a comitiva desembarcará na Selvagem Grande, onde responsáveis do Parque Natural farão uma apresentação das actividades desenvolvidas nesta reserva.

Depois, o Presidente da República assistirá ao carimbo de postais comemorativos dos 50 anos da primeira expedição científica a estas ilhas e que levou à sua identificação, em 1971, da mais antiga reserva natural do País.

O Chefe de Estado visitará de seguida a única casa particular existente nas ilhas, propriedade de Francis Zino, do filho de um dos participantes nessa expedição. Cavaco Silva dormirá na casa dos vigilantes da natureza, fazendo assim questão de ser o primeiro presidente a pernoitar nas Selvagens.

A visita terminará na sexta-feira, ao final da manhã, depois de uma caminhada até ao planalto da Selvagem Grande, de onde o Presidente partirá de helicóptero para o Funchal, embarcando de imediato no avião que o trará a Lisboa.

Para trás ficará a quietude das Selvagens, as famosas cagarras e as muitas outras aves. Pela frente tem uma crise política grave cuja resolução poderá estar novamente nas suas mãos.