Activista russo Alexei Navalni condenado por desvio de dinheiro
Um dia depois de ter sido autorizado a concorrer à câmara de Moscovo, opositor de Putin é condenado a cinco anos de prisão.
De acordo com as explicações do juiz Sergei Blinov, avançadas pela BBC, ficou provado que Navalni, uma das principais figuras da luta anticorrupção na Rússia, tinha feito um desfalque numa empresa que lhe terá permitido arrecadar cerca de 500 mil euros. A acusação alegou que Navalni trabalhava como assessor do governador Nikita Belikh quando desviou em 2009 o montante em questão de uma empresa pública ligada ao sector da madeira.
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De acordo com as explicações do juiz Sergei Blinov, avançadas pela BBC, ficou provado que Navalni, uma das principais figuras da luta anticorrupção na Rússia, tinha feito um desfalque numa empresa que lhe terá permitido arrecadar cerca de 500 mil euros. A acusação alegou que Navalni trabalhava como assessor do governador Nikita Belikh quando desviou em 2009 o montante em questão de uma empresa pública ligada ao sector da madeira.
Contudo, Alexei Navalni, de 37 anos, conhecido também por ligações a grupos nacionalistas, negou sempre as acusações e insistiu que o caso apenas surgiu devido à oposição explícita e pública que tem feito ao Presidente Vladimir Putin – sobretudo nas grandes manifestações de Dezembro de 2011 contra o Kremlin.
Com este veredicto, o activista fica também impedido de concorrer às eleições municipais de Setembro de Moscovo, pelo partido liberal RPR-Parnas. Quarta-feira, a comissão de eleições de Moscovo aceitara a sua candidatura. Os seus apoiantes viram nessa autorização um indício de que o advogado ia mesmo ser condenado.
Alexei Navalni, diz a BBC, viajou de Moscovo para Kirov para ouvir a sentença, que terá encarado com um leve sorriso de resignação. Depois de ouvir o veredicto foi preso na sala de audiências, condenado a cinco anos de prisão efectiva (a acusação pedia seis). Assim, Navalni deverá ficar também impedido de se candidatar às eleições presidenciais que se realizarão na Rússia em 2018 e às quais recentemente manifestou a intenção de concorrer.
Pouco antes da leitura da sentença final, o blogguer utilizou a rede social Twitter para dizer que o juiz se limitava a repetir as acusações do Ministério Público e que, por isso, era impossível pensar no “bom cenário da absolvição”. Contudo, garantiu que mesmo perante esta tentativa de o afastarem da vida política, continuará a lutar para “destruir esta sociedade feudal” que está a roubar toda a gente e que não são os anos da prisão que o farão “fugir para o estrangeiro ou esconder-se em algum lado”. “Não posso fugir de quem sou”, assegurou.
Reacções internacionais
Os EUA já se mostraram "profundamente decepcionados" com a condenação de Navalny, escreveu o embaixador norte-americano em Moscovo, Michael McFaul, no Twitter.
"Estamos profundamente decepcionados com a condenação de Navalny e a motivação aparentemente política do seu processo", escreveu o embaixador.
Por sua vez, o Reino Unido lamenta a "justiça selectiva" e acusa a Rússia de esquecer as obrigações internacionais no que diz respeito aos direitos do homem, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros William Hague, também na rede social Twitter.
"Apelo ao Governo russo que respeite em pleno os princípios da justiça e assegure que a lei se aplica de forma proporcionada e sem discriminações", acrescentou Hague, em comunicado.
Também a Alemanha se revela chocada com a condenação. "A natureza deste julgamento e a dura sentença são a prova de que falta independência ao sistema jurídico russo", denunciou Markus Loening, o representante do Governo alemão para os direitos humanos, tutelado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros. "A Rússia deu mais um passo atrás na democracia e no Estado de Direito".