Ordem dos Psicólogos quer mais 750 profissionais nas escolas

Desde 1999 que o Ministério da Educação não faz colocações permanentes de psicólogos.

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Desinvestimento na escola pública compromete qualidade Nelson Garrido

“Nas escolas seriam necessários, de forma permanente, pelo menos mais 750 psicólogos, a nível nacional” para se atingir um rácio de “um por mil alunos”, disse Vítor Coelho, membro da direcção da Ordem dos Psicólogos e presidente da comissão de organização da 35.ª conferência internacional sobre psicologia escolar, que arranca no Porto nesta quarta-feira.

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“Nas escolas seriam necessários, de forma permanente, pelo menos mais 750 psicólogos, a nível nacional” para se atingir um rácio de “um por mil alunos”, disse Vítor Coelho, membro da direcção da Ordem dos Psicólogos e presidente da comissão de organização da 35.ª conferência internacional sobre psicologia escolar, que arranca no Porto nesta quarta-feira.

O responsável frisou que, em Portugal, as necessidades de psicólogos nas escolas “são permanentes, mas as colocações são pontuais”, não havendo “colocações permanentes no Ministério para psicólogos desde 1999”.

“Temos 176 psicólogos que todos os anos são contratados em Outubro e dispensados em Julho. Isto é um ciclo que dificulta muito a qualidade das intervenções (…) e o próprio aluno acaba por ganhar resistência a estes processos”, criticou.

Vítor Coelho também que um psicólogo a tempo inteiro na escola pode ajudar na orientação vocacional, na prevenção na área da saúde mental, no sucesso escolar, no combate às dificuldades dos alunos e na área das necessidades educativas especiais.

Ainda ao nível escolar, a ordem denuncia a situação 'sui generis', em que “a disciplina de Psicologia, muito procurada no secundário, é ministrada por professores de Filosofia”, estando mesmo vedada àqueles profissionais.

De acordo com Vítor Coelho, “uma pessoa que termina um curso de Filosofia, e que passa a estar habilitado para dar Psicologia, pode nunca sequer ter tido uma disciplina de Psicologia”.

Um estudo da ordem concluiu mesmo que seria possível ao Estado poupar 4,5 milhões de euros em salários se permitisse aos formados em Psicologia leccionarem aquela disciplina, substituindo os professores de Filosofia.

É precisamente para discutir o papel do psicólogo na escola que arranca no Porto a 35.ª edição da International School Psychology Association (ISPA) Conference, durante a qual se tentará também mostrar à sociedade os contributos dos psicólogos “nestes momentos difíceis”.

A conferência decorre até sábado na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade do Porto e contará com a presença do presidente da ISPA Conference, Jurg Forster, e dos oradores Celene Domitrovich, Bill Pfohl, Alexander Grob e Luísa Faria.