“O novo aeroporto de Lisboa é na Portela”, diz secretário de Estado dos Transportes

Sérgio Monteiro afasta totalmente necessidade de construir novo aeroporto na capital a curto prazo. A Portela passou de "temporária" a "central".

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Sérgio Monteiro diz que não quer intervir mais na estratégia do aeroporto Daniel Rocha/Arquivo

“Ficaram definidas regras no contrato de concessão que farão com que deixem de ser os políticos a definir a data em que o aeroporto está saturado e passem a ser indicadores técnicos, objectivos, claros, a fazer com que quem estiver na pasta na altura possa tomar a decisão de avançar com a construção do novo aeroporto”, sublinhou o governante, em declarações aos jornalistas.

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“Ficaram definidas regras no contrato de concessão que farão com que deixem de ser os políticos a definir a data em que o aeroporto está saturado e passem a ser indicadores técnicos, objectivos, claros, a fazer com que quem estiver na pasta na altura possa tomar a decisão de avançar com a construção do novo aeroporto”, sublinhou o governante, em declarações aos jornalistas.

O Governo deixou de olhar para o aeroporto da Portela como uma “infra-estrutura temporária”, explicou. “Passou a ser uma infra-estrutura central, aquela que gera mais cash-flow [fluxo de tesouraria] no conjunto dos aeroportos.” Segundo o governante, o aeroporto tem capacidade para crescer para além dos 18 milhões de passageiros, previstos para 2017.

Para isso, vai contribuir o novo terminal internacional e de transferência de passageiros, que já estava previsto no plano de desenvolvimento iniciado em 2007 com a construção do Terminal 2, que representa um investimento total de mais de 350 milhões de euros na expansão do aeroporto.

O investimento na Portela é o que vai permitir, segundo o secretário de Estado, a redução das taxas aeroportuárias na Madeira e o congelamento das taxas no Porto, Faro e Açores. Na Madeira, a redução tem efeitos imediatos e "no prazo de dez anos" as taxas deverão ser iguais às praticadas em Lisboa, garantiu.

Sublinhando o “valor simbólico” da Portela para o país, Sérgio Monteiro defendeu que a estratégia de desenvolvimento do aeroporto tem de olhar para o que dizem os mercados, e só os mercados. “A Portela é um activo que tem muito mais vida útil do que todos os especialistas diziam”, argumentou, referindo-se aos vários estudos que defendiam a necessidade de construir um novo aeroporto, que esteve previsto para Alcochete.

Esses estudos foram postos na gaveta pelo actual Governo, que optou por privatizar a ANA - Aeroportos de Portugal no final do ano passado, aos franceses da Vinci, por três mil milhões de euros. É neles que Sérgio Monteiro deixa agora o futuro do aeroporto. "Estamos a cuidar daquilo que é nosso, ao escolher um investidor que valoriza os recursos que temos", afirmou, para depois deixar um aviso: “Eu sei que não é o momento político para o dizer, mas eu não quero intervir mais” nas decisões sobre o aeroporto.

Com o abandono do projecto em Alcochete, o actual executivo chegou a estudar a alternativa Portela + 1, através da adaptação de uma base militar à aviação comercial e da transferência de parte da operação que hoje existe no aeroporto de Lisboa para esta nova infra-estrutura. Foi inclusivamente criado um grupo de trabalho para avaliar esta possibilidade, sendo que as hipóteses mais prováveis eram Montijo, Sintra e Alverca.

No entanto, a intenção acabou por não se concretizar, tendo o Governo optado, como foi nesta quarta-feira frisado pelo secretário de Estado dos Transportes, por manter toda a operação na Portela.

Do avião para o cruzeiro
Acompanhado pelo presidente do conselho de administração da ANA, Jorge Ponce de Leão, e pelo presidente do aeroporto de Lisboa, Jorge Nunes, o secretário de Estado visitou o novo espaço que quase duplica a área útil do aeroporto, e permite melhorar a fluidez e capacidade de movimentação e controlo dos passageiros internacionais, e o processamento das bagagens.

Foi também inaugurada uma área comercial, com 20 novas lojas, algumas do segmento de luxo, que representam mais de uma centena de postos de trabalho e um volume de vendas estimado de 15 milhões de euros por ano.

Jorge Nunes adiantou que a próxima aposta do aeroporto de Lisboa será no mercado dos cruzeiros. "A ideia é que as pessoas cheguem de avião, entreguem o ticket da bagagem e vá depois encontrá-la já no barco, no camarote", explicou. A ideia agradou a Sérgio Monteiro. Até porque, sublinhou, "casa muito bem" com o projecto do novo terminal de cruzeiros de Santa Apolónia. "Gostávamos que Lisboa passasse a ser um ponto de origem e destino de cruzeiros, e não só de passagem", rematou.