Feiras de livros

Continua a ser uma sensação rara e preciosa a de encontrar, no meio de dezenas de bancas, aquele livro há muito procurado ou que se precisava e nem sequer se sabia que existia

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Johannes Eisele/AFP

Apesar do prestígio intelectual e importância cultural que o livro sempre teve, as feiras do livro surgiram mal Gutenberg inventou a imprensa de tipos móveis, no século XV, e abriu assim caminho à massificação do livro e ao seu lucrativo comércio. A primeira feira do livro do mundo terá sido por isso em Frankfurt, nas vizinhanças de Gutenberg, que ainda hoje é a sede da maior feira do livro do mundo.

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Apesar do prestígio intelectual e importância cultural que o livro sempre teve, as feiras do livro surgiram mal Gutenberg inventou a imprensa de tipos móveis, no século XV, e abriu assim caminho à massificação do livro e ao seu lucrativo comércio. A primeira feira do livro do mundo terá sido por isso em Frankfurt, nas vizinhanças de Gutenberg, que ainda hoje é a sede da maior feira do livro do mundo.

Esta massificação do livro iria acentuar-se ainda mais em 1935, quando a Penguin Books popularizou os livros de bolso, tornando os livros acessíveis a todas as carteiras, e mais tarde com a paginação digital, nos anos 80, e a impressão digital, nos anos 90, que facilitaram a edição de livros e a sua impressão em pequenas tiragens, como aquelas que são feitas para os livros de nicho ou pelas chamadas "vanity presses" – as editoras que publicam livros pagos pelos próprios autores.

Mas se as feiras do livro nasceram da massificação da sua produção, essa mesma massificação gerou hoje uma crise nas feira do livro, com a concorrência das livrarias, da venda em quiosque, das vendas online, dos saldos de livros, e até dos ebooks, que permitem comprar livros em cada hora, em cada esquina ou em esquina nenhuma.

Pode ser que isso represente o fim das feiras do livro, ou então a sua transformação em feiras mais pequenas e especializadas onde predominem os livros raros e de nicho ou os eventos inusitados que permitam encontros diferentes com autores e os seus livros.

Inclino-me para a segunda hipótese pois, apesar de todas as novas tecnologias já inventadas, o livro ainda continua a ser a ferramenta mais profunda, completa, universal e intemporal que a humanidade já criou para partilhar conhecimentos e experiências entre pessoas, e continua a ser uma sensação rara e preciosa a de encontrar, no meio de dezenas de bancas, aquele livro há muito procurado ou que se precisava e nem sequer se sabia que existia.