FMI: Sem mais reformas crescimento espanhol vai continuar fraco

É preciso um maior ajustamento orçamental para estabilizar os rácios da dívida, diz o FMI

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Espanha deveria atingir défice de 4,5% do PIB Pedro Armestre/AFP

No terceiro relatório trimestral sobre a reforma do sector financeiro de Espanha, hoje divulgado, o FMI refere que "a menos que o processo de ajustamento possa ser feito de forma menos dispendiosa através de medidas tanto a nível europeu como a nível nacional, o crescimento económico em Espanha pode permanecer fraco por algum tempo.

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No terceiro relatório trimestral sobre a reforma do sector financeiro de Espanha, hoje divulgado, o FMI refere que "a menos que o processo de ajustamento possa ser feito de forma menos dispendiosa através de medidas tanto a nível europeu como a nível nacional, o crescimento económico em Espanha pode permanecer fraco por algum tempo.

O Fundo estima que o Produto Interno Bruto (PIB) espanhol contraia 1,6% este ano e que seja nulo em 2014 e defende que "estas perspectivas difíceis (…) exigem reformas económicas contínuas e uma fiscalização proactiva do sector financeiro para garantir que consegue ultrapassar o actual ambiente e melhorá-lo, fornecendo condições de crédito adequadas para apoiar a recuperação".

A instituição liderada por Christine Lagarde entende que o programa do sector financeiro espanhol "continua no bom caminho", mas alertou que "os riscos à economia e, portanto, ao sector financeiro permanecem elevados".

Para o Fundo, o ajustamento orçamental prossegue e este processo "continua a pesar muito na procura interna, com o produto ainda a contrair e com o desemprego a disparar para níveis recorde".

"As dinâmicas do sector financeiro continuam a contribuir para as pressões recessivas, com a aceleração da contracção do crédito, a restrição dos padrões de crédito e o aumento das taxas dos empréstimos das empresas", lê-se no documento.

Salvaguardando que já foi feito algum ajustamento orçamental, o FMI adverte que são precisos mais esforços neste sentido.

"É preciso um maior ajustamento orçamental para estabilizar os rácios da dívida, os padrões dos preços das casas sugerem que os preços da habitação vão cair ainda mais e os rácios das famílias e das empresas sobre o PIB continuam muito acima dos níveis antes do 'boom'", alerta a instituição.

O resgate à banca espanhola foi formalmente anunciado em Junho de 2012 e, em meados de Dezembro desse ano, chegaram ao Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) 36.968 milhões de euros (para distribuição pelas quatro entidades nacionalizadas), a que se somam mais 2.500 milhões para a constituição da Sociedade de Gestão de Activos provenientes da Reestruturação Financeira (SAREB), conhecida como 'banco mau'.

O pedido final das autoridades espanholas ficou assim muito abaixo do montante disponível aprovado pelo Eurogrupo: 100 mil milhões de euros.