Documentos de Snowden não divulgados podem ser "o pior pesadelo" da História dos EUA
O jornalista Glenn Greenwald salienta que o analista informático não quer prejudicar o país, mas afirma que o Governo americano devia "rezar todos os dias" para que nada lhe aconteça.
Numa entrevista ao diário argentino La Nación, Greenwald afirma mesmo que a Administração Obama deveria "rezar todos os dias para que nada aconteça" ao analista informático que trabalhou para a NSA, porque uma eventual divulgação de todos os documentos seria "o pior pesadelo" dos Estados Unidos.
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Numa entrevista ao diário argentino La Nación, Greenwald afirma mesmo que a Administração Obama deveria "rezar todos os dias para que nada aconteça" ao analista informático que trabalhou para a NSA, porque uma eventual divulgação de todos os documentos seria "o pior pesadelo" dos Estados Unidos.
Questionado sobre se teme que Edward Snowden seja assassinado, o jornalista norte-americano admite que "é uma possibilidade", embora afirme que isso "não trará muitos benefícios para ninguém nesta altura".
"Ele já distribuiu milhares de documentos e assegurou que várias pessoas em todo o mundo têm o seu arquivo completo. Se lhe acontecesse alguma coisa, esses documentos seriam tornados públicos. Essa é a sua apólice de seguro", afirma Glenn Greenwald, que tem assinado a maioria das notícias sobre o programa de espionagem dos Estados Unidos nas páginas do jornal The Guardian e que diz manter contacto regular com Edward Snowden.
Mas o facto de o analista informático ter "uma enorme quantidade de documentos que seriam muito prejudiciais para o Governo dos Estados Unidos, se fossem tornados públicos", não significa que seja esse o seu objectivo, salienta Greenwald: "O objectivo dele é revelar a existência de programas informáticos utilizados por pessoas em todo o mundo, sem saberem a quem se estão a expor e sem terem aceitado conscientemente ceder os seus direitos de privacidade."
Acusado de ameaçar os EUA
A entrevista de Glenn Greenwald causou mais uma polémica paralela sobre o caso Snowden, motivada por diferentes interpretações das palavras do jornalista.
Acusado por outros jornalistas e analistas políticos norte-americanos de estar a ameaçar o Governo dos Estados Unidos, Greenwald descreve a polémica como "um esforço absurdo para desviar a atenção das revelações sobre a NSA".
"A alegação tantas vezes repetida de que a intenção de Snowden é prejudicar os Estados Unidos é negada pelo facto de ele ter em sua posse todo o tipo de documentos que podem causar danos sérios aos EUA, se forem divulgados, mas apesar disso ele não divulgou nenhum deles", escreve Glenn Greewald no site do jornal The Guardian.
"Quando ele nos passou os documentos [sobre os programas de espionagem da NSA, como o Prism], insistiu várias vezes que exercêssemos um rigoroso juízo jornalístico sobre os documentos que devem ser publicados em nome do interesse público e os que devem ser mantidos em segredo, porque a gravidade da sua revelação ultrapassa o interesse público. Se a intenção dele fosse prejudicar os EUA, poderia ter vendido todos os documentos por muito dinheiro, podia tê-los publicado indiscriminadamente ou podia tê-los passado a um adversário estrangeiro. E ele não fez nada disso", argumenta o jornalista norte-americano.
Edward Snowden permance no aeroporto de Cheremetievo, em Moscovo, onde chegou no dia 23 de Junho, depois de ter conseguido sair de Hong Kong com um visto provisório passado pelo cônsul da embaixada do Equador em Londres.
Na sexta-feira, numa reunião com representantes de organizações de defesa dos direitos humanos, anunciou que iria pedir asilo à Rússia, com o objectivo final de viajar para um país da América Latina. Quase 48 horas depois do anúncio, as autoridades russas continuam a dizer que ainda não receberam qualquer pedido oficial de asilo por parte de Edward Snowden.