Quando Aoki mostra quão verdinhos são os Green Day
Este ano, o Optimus Alive começou mais tarde para o pessoal da caravana. Os Green Day apostaram tudo no espectáculo, mas nada bate os insufláveis e projecções de Steve Aoki
São oito da noite e ainda não estamos no recinto. As fotos de quem lá está já invadiram o Facebook e estamos com um bichinho irrequieto na barriga de quem dava cinco tostões para lá estar também, mas temos uma caravana tartaruga e uma fila enorme no parque.
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São oito da noite e ainda não estamos no recinto. As fotos de quem lá está já invadiram o Facebook e estamos com um bichinho irrequieto na barriga de quem dava cinco tostões para lá estar também, mas temos uma caravana tartaruga e uma fila enorme no parque.
Se fosse há uns anos, já estávamos de caravana apeada em Lisboa há dois dias e éramos os primeiros a entrar. A espera dos concertos, sentadinhos que nem lagartos, em terra e de cabeça ao sol, é imprescindível: Uma espécie de relax pré-adrenalina. Este ano estamos crescidos e todos tempos compromissos profissionais - foi impossível zarpar mais cedo.
Saltámos - sem querer - Stereophonics, ouvimos Biffy Clyro ainda fora do recinto, não fomos a tempo de Two Door Cinema Club mas falámos com algumas pessoas da plateia que nos garantiram que estiveram todos muito bem. Não falhámos Green Day e entrámos mesmo antes de Billie Joe assumir o palco. Foi um concerto satisfatório para quem não é fã, mas - está claro - muito bom para quem é. A banda apostou tudo no espectáculo - que envolveu o baterista Tré Cool vestido de mulher ou uma chuva de papel higiénico - e na interacção com o público, que foi correspondendo como pôde.
Um concerto mais apagadinho, tendo em conta o historial de cabeças de cartaz do festival à beira mar. Afonso, que conhecemos já no fim do concerto, concorda. Fã ferrenho há nove anos da banda norte-americana, também admite que foi um concerto "mais fraquinho do que o normal", mas amou "na mesma". Veio sozinho mas já encontrou companhia: Abby Smith e Adam Finch, de Londres e Reading, respetivamente. Conquistou-os pela barriga, a oferecer-lhes água e comida. "O casal, também fã de Green Day, anda a "perseguir a banda pelo planeta". Vieram só por eles, mas estão a gostar muito do festival: "É tão diferente dos ingleses, tão amistoso", conta-nos Abby, enrolada numa bandeira da banda de punk rock.
Mais cinco dedos de conversa e já não conseguimos ouvir-nos uns aos outros, porque esta é a hora de Steve Aoki e, assim que começa, é impossível parar. O músico americano provou que merecia há muito o palco principal do Alive e todos os que entretanto tinham ido espreitar Vampire Weekend no Palco Heineken voltaram para o comprovar.
O espectáculo feito de bolos, música, champanhe, barcos insufláveis e projecções é de um psicadelismo difícil de explicar e envolve a plateia como ninguém. Aoki não passa despercebido e muito menos nos é indiferente. Quem não foi para o ver, ficou até mais tarde e quem veio, já não tinha forças para arredar pé no fim. "Foi mesmo espectacular", diz-nos Catarina, que veio de propósito do Entroncamento. O músico americano diz que esta é a melhor plateia do mundo e nós dizemos que este foi o melhor concerto da noite.
Artigo corrigido às 15h34.