Passos convida PS a sentar-se "à mesa da troika"
António José Seguro contra-ataca com desafio para a renegociação do memorando.
"Já é difícil entre gente que está no Governo e não parece fácil com gente que não quer vir para o governo, a não ser que tenha eleições. Mas então que seja sem isso, que consigamos pôr essas divergências de lado, como os partidos desta coligação têm feito", afirmou Passos Coelho no repto ao PS.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
"Já é difícil entre gente que está no Governo e não parece fácil com gente que não quer vir para o governo, a não ser que tenha eleições. Mas então que seja sem isso, que consigamos pôr essas divergências de lado, como os partidos desta coligação têm feito", afirmou Passos Coelho no repto ao PS.
E deixou claro os termos dessa negociação. "Não é apoio ao Governo. É o apoio necessário ao país para aquilo que passámos não volte a acontecer." Os termos de referência "têm de estar entroncados nas grandes linhas do que foi referido pelo Presidente da República", disse o primeiro-ministro, sem nunca aludir a qualquer data de eleições antecipadas.
Assumindo que pretende discutir propostas concretas, Passos Coelho mostrou empenhamento em encontrar "compromissos com substância". "É preciso trocar aquilo por miúdos", desafiou, referindo-se aos parâmetros propostos por Cavaco Silva.
Momentos antes, Seguro lembrou os termos do acordo pedido pelo Presidente da República, um dos quais a definição de um calendário para eleições legislativas em Junho de 2014.
Na resposta, o líder do PS apenas disse nunca se ter submetido à missão externa. "Nunca me ajoelhei perante a troika", disse, provocando risos nas bancadas da maioria. "Repito, o PS nunca se ajoelhou perante a troika."
António José Seguro reiterou considerar necessário renegociar os termos do memorando, defendendo que "só isso será gerador de credibilidade e confiança". Mas desta vez não exigiu um novo governo para esta renegociação.
Nota dominante do discurso de Passos Coelho tem sido a manifestação de que está empenhado em cumprir a legislatura até ao fim, ou seja, até 2015, contrariando a sugestão de eleições para 2014 feita pelo Presidente da República. "Os portugueses julgarão, mas vão fazê-lo, como é normal em democracia, quando o meu mandato tiver terminado", afirmou Passos Coelho, em resposta à deputada bloquista Ana Drago, que pediu a demissão do Governo.
Também Helena Pinto, do BE, afirmou que o Governo já chegou ao fim. "O ministro das Finanças confessou o falhanço da política, o ministros dos Negócios Estrangeiros zangou-se com a governação, o Presidente tirou o tapete ao Governo. A síntese da sua governação é uma palavra - falhanço. Só há uma coisa a fazer dar: a palavra ao povo. Já acabou, interiorize, habitue-se à ideia. Só o senhor é que não vê", disse a bloquista.
Passos aproveitou para reiterar que não se demitia. "Não o farei. É importante, numa democracia adulta e madura, que um governo eleito para cumprir uma legislatura o possa fazer. Um governo eleito pelos portugueses, que tem de vencer um programa de assistência económico-financeira, possa entregar aos portugueses o que eles merecem", sublinhou o primeiro-ministro.