A primeira marcha LGBT de Braga troca a palavra "orgulho" por "direitos"
Na "Cidade dos Arcebispos", a escolha do nome da acção e o seu enquadramento foi feita com cuidado, para evitar atritos.
Não é uma marcha do orgulho gay. "É um acto cívico e político", diz Carlos Marinho, porta-voz da 1.ª Marcha pelos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) de Braga, que se realiza amanhã. Numa cidade conservadora, onde a Igreja Católica tem grande influência, as escolhas do nome e do enquadramento da iniciativa foram pensadas ao pormenor pela organização. A atitude diplomatática tem evitado atritos.
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Não é uma marcha do orgulho gay. "É um acto cívico e político", diz Carlos Marinho, porta-voz da 1.ª Marcha pelos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) de Braga, que se realiza amanhã. Numa cidade conservadora, onde a Igreja Católica tem grande influência, as escolhas do nome e do enquadramento da iniciativa foram pensadas ao pormenor pela organização. A atitude diplomatática tem evitado atritos.
"Precisámos de ser preciosistas com o nome", diz Carlos Marinho. Desde logo, a marcha deste fim-de-semana não se destina apenas à comunidade gay e lésbica e é apresentada como uma realização pensada para todas as pessoas, independentemente da orientação sexual ou da identidade de género. E ainda que admita que as pessoas "baseiem a adesão a esta iniciativa em muitos estereótipos", o porta-voz da Marcha pelos Direitos LGBT espera uma boa adesão de público.
A tónica da organização tem sido colocada na questão dos direitos humanos e nas discriminações de que são alvo gays e lésbicas. O facto de Braga ser muito conotada com o conservadorismo está "arquivado na consciência" da organização, diz Marinho.
Para já, "não tem havido nenhum tipo de atrito", nem com a câmara, nem com as organizações ligadas à Igreja. Por isso, e apesar de o manifesto de suporte à marcha defender o direito à adopção de crianças "independentemente da orientação sexual dos candidatos", o porta-voz da organização recusa polémicas com o arcebispo Jorge Ortiga, que classificou como uma forma de "casamento camuflado" a co-adopção de crianças por homossexuais aprovada no mês passado na Assembleia da República.
"As concepções de família e sexualidade estão ainda muito cristalizadas. Mas a Igreja pode ter um papel muito importante em relação à mentalidade que está a ser moldada", defende Carlos Marinho.
A 1.ª Marcha pelos Direitos LGBT de Braga parte amanhã, às 16h, do arco da Porta Nova em direcção à Avenida Central. O percurso ainda não está totalmente definido, uma vez que há outras iniciativas a decorrer no centro da cidade. Porém, a organização quer que a marcha termine junto ao chafariz da Avenida Central, onde será instalado um palanque de uma "assembleia pública".
A iniciativa começou a tomar forma no núcleo de Braga do Teatro do Oprimido, onde o tema era recorrente nos debates internos. No início de Junho, a organização contactou outras associações de defesa dos direitos humanos da região, que se associaram ao ciclo de iniciativas que culmina no desfile.
A marcha começou a ser preparada com a realização de debates, sessões de cinema e algumas festas de angariação de fundos. A adesão da comunidade LGBT da região surpreendeu Carlos Marinho. "Percebemos que há uma necessidades de se falar", defende o activista, para quem este tipo de iniciativas em Braga é "urgente".