Malala vem às Nações Unidas
Malala Yousafzai é talvez uma das estudantes mais conhecidas no mundo, mas também é uma professora.
Malala é a jovem corajosa defensora do direito à educação, do Paquistão, que foi alvejada por extremistas no caminho para a escola. Depois de um longo período de recuperação, Malala está de volta e determinada a fazer com que a sua voz continue a ser ouvida.
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Malala é a jovem corajosa defensora do direito à educação, do Paquistão, que foi alvejada por extremistas no caminho para a escola. Depois de um longo período de recuperação, Malala está de volta e determinada a fazer com que a sua voz continue a ser ouvida.
No dia 12 de julho, a Malala juntar-se-ão centenas de estudantes de mais de 80 países numa Assembleia de Jovens única, onde diplomatas vão sentar-se numa posição secundária com jovens a assumir a liderança das Nações Unidas. Vão reunir-se para emitir um apelo global pela educação de qualidade para todos.
A educação é um direito fundamental, um Objectivo do Desenvolvimento do Milénio (ODM) e é crucial para o entendimento mútuo e para a cidadania global. Muitos de nós não aprenderam esta lição de um livro. Viveram-na.
Como jovem rapaz de uma Coreia dizimada pela guerra, a minha escola foi destruída. A minha sala de aula foi aberta debaixo de uma árvore. Tínhamos pouco para comer, mas estávamos ávidos por aprender. Os nossos pais e o nosso governo sabiam o valor da educação. Esse entendimento transformou a minha vida e o meu país.
Na sociedade de hoje baseada no conhecimento, a educação é a base para o futuro que queremos: um mundo sem pobreza, violência, discriminação ou doenças. Construir este futuro vai exigir um novo impulso concertado.
Esse é o motivo pelo qual lanço a Primeira Iniciativa para a Educação Global, com três prioridades: a de colocar todas as crianças na escola; a de melhorar a qualidade da aprendizagem; a de preparar as crianças a crescer como cidadãos globais.
Apesar de termos conseguido ganhos importantes, temos muito trabalho pela nossa frente para alcançar os nossos objectivos na educação.
A população jovem de hoje é a maior de sempre da história. Devemos fazer o que for possível por este manancial de talentos, de energia e de ideias. No entanto, continuam a existir ainda 57 milhões de crianças fora da escola primária. Muitas vivem em países envolvidos em conflitos.
Mais de 120 milhões de jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos não têm conhecimentos básicos de leitura e de escrita – a maioria dos quais são jovens mulheres. Num mercado de trabalho em rápida evolução, demasiados jovens abandonam a escola sem os recursos para ganharem o seu sustento.
Em muitos lugares, estudantes como Malala e os seus professores são ameaçados, assaltados, e até mortos. Através de acções cheias de ódio, os extremistas têm mostrado o que mais os assusta: uma rapariga com um livro.
Devemos fazer tudo quanto possível para assegurar que as escolas são espaços de aprendizagem seguros. Em lugar nenhum do mundo deve ser um acto de coragem um adulto ensinar ou uma rapariga ir à escola.
Quando mulheres e raparigas são educadas, elas aceleram o desenvolvimento nas suas famílias e comunidades. Por cada ano adicional na escola, uma rapariga aumenta os seus rendimentos futuros até 20 por cento.
Muitas outras estatísticas apontam para a importância da educação. As economias crescem. A saúde melhora. As nações erguem-se.
Mas eu também deixo a minha referência para que oiçam as aspirações das pessoas. Para onde quer que viaje, pergunto a mulheres e homens o que é que as Nações Unidas podem fazer por eles. A resposta é muito frequentemente a mesma: educação.
Nos campos de refugiados, as pessoas dizem-me: “Leve as minhas crianças de volta para a escola”. Nos países afectados por terramotos e por outros desastres, as pessoas insistem: “Não se preocupe comigo. Reconstrua as escolas para que as minhas crianças possam aprender”.
A educação é o percurso para salvar vidas, construir a paz e para capacitar os jovens.
Esta é a lição que Malala e milhões como ela procuram ensinar ao mundo. Os parceiros internacionais e os governos devem ouvi-los e agir.
Com a comunidade global a trabalhar para acelerar a consecução dos ODM e a definida agenda de desenvolvimento pós-2015, devemos assegurar que alcançamos os sonhos e as aspirações das nossas crianças para o futuro.
No aniversário de Malala prometamos entregar o melhor presente para todos – educação de qualidade para todas as raparigas e rapazes no mundo.
Ban Ki-moon é o Secretário-Geral das Nações Unidas