EUA mantêm planos para entregar F-16 ao Egipto
Porta-voz da Casa Branca disse que não seria do interesse dos Estados Unidos “fazer mudanças imediatas” nos seus programas de assistência. E reconheceu que é preciso tempo para analisar implicações do afastamento do Presidente islamista Morsi.
A notícia foi confirmada por fontes citadas pela Reuters e pela BBC depois de, na quarta-feira, ter sido anunciado que o Presidente Barack Obama deu ordens para rever o auxílio militar norte-americano ao Egipto.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A notícia foi confirmada por fontes citadas pela Reuters e pela BBC depois de, na quarta-feira, ter sido anunciado que o Presidente Barack Obama deu ordens para rever o auxílio militar norte-americano ao Egipto.
Legalmente, a ajuda militar seria cortada se os Estados Unidos concluíssem que o afastamento do Presidente islamista Morsi pelo Exército, na sequência de gigantescas manifestações, foi um golpe de Estado. Ao referir-se aos acontecimentos da última semana no Egipto, Barack Obama evitou sempre usar a palavra “golpe”.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse, na quarta-feira, que não seria do interesse dos Estados Unidos “fazer mudanças imediatas” nos seus programas de assistência e é preciso tempo para analisar as implicações do afastamento de Morsi, eleito no ano passado.
A entrega dos quatro F-16 faz parte de um acordo mais vasto para o fornecimento de 20 aviões, oito dos quais foram enviados para o Egipto em Janeiro. Os restantes oito deverão ser entregues ainda este ano.
Primeiro-ministro não exclui hipótese de ter islamistas no Governo
Mesmo depois de a Irmandade Muçulmana ter rejeitado integrar o executivo, e de terem sido emitidos mandados de detenção contra vários dos seus dirigentes, o novo primeiro-ministro, Hazem El-Beblawi, parece não afastar a participação de membros do movimento islamista, a que pertence Morsi, no Governo de transição que está a formar.
“Não me preocupo com a filiação política”, disse nesta quinta-feira Beblawi à AFP. Se “alguém for proposto pelo Partido da Liberdade e da Justiça [ braço político da Irmandade] e essa pessoa for qualificada para o lugar”, a nomeação poderá ser considerada”, acrescentou.
Na quarta-feira, a Irmandade Muçulmana rejeitou a oferta de lugares no executivo. "Não pactuamos com golpistas. Rejeitamos tudo o que venha deste golpe", disse o dirigente Tareq al-Morsi.
Na quarta-feira, a procuradoria do Egipto ordenou a detenção do líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, por incitamento à violência. Badie é acusado de ter instigado os confrontos da madrugada de segunda-feira, de que resultaram 55 mortos, segundo agência de notícias egípcia MENA.
As autoridades judiciais egípcias ordenaram também a detenção do n.º 2 de Mohamed Badie, Mahmoud Ezzat, e dos dirigentes partidários Essam El-Erian e Mohamed El-Beltagi. Para além destes quatro dirigentes, foram emitidas ordens de detenção em nome de “outras centenas” de pessoas, segundo a agência estatal. Não há ainda confirmação de que as detenções tenham sido concretizadas.
A Irmandade Muçulmana, mas também o movimento Tamarod (rebelião) - que liderou a contestação de rua que precedeu o afastamento de Morsi - e a Frente de Salvação Nacional, que reúne a oposição laica, declararam-se contra uma declaração constitucional do Presidente interino Adly al-Mansour, no início da semana, que lhe dá poderes alargados e define um calendário eleitoral.
A declaração prevê que seja nomeado um comité constitucional no prazo de 15 dias, que teria dois meses para apresentar ao Presidente interino propostas de revisão da Constituição, suspensa na semana passada, após o afastamento de Morsi.
Adly al-Mansour deveria depois submeter as propostas de alteração a referendo, no prazo de um mês. Após a consulta popular seriam organizadas eleições legislativas no prazo de dois meses. Se o calendário fosse aceite e cumprido, as legislativas e presidenciais poderiam realizar-se até Janeiro de 2014.