Cavaco Silva fala ao país pelas 20h30

Presidente da República encerrou ronda de três dias de audições com as duas maiores centrais sindicais. CGTP pede eleições para a democracia "respirar", UGT não se opõe.

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A ausência da convocação do Conselho de Estado, passo indispensável para a dissolução da Assembleia da República, indicia que o Presidente não usará a chamada "bomba atómica".  

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A ausência da convocação do Conselho de Estado, passo indispensável para a dissolução da Assembleia da República, indicia que o Presidente não usará a chamada "bomba atómica".  

A "democracia precisa de respirar" e não pode ficar refém dos interesses partidários do PSD e do CDS. Foi a mensagem transmitida ao Presidente da República pelo secretário-geral Arménio Carlos, após um encontro esta manhã que durou cerca de meia hora. Mais cauteloso, o líder da UGT, Carlos Silva, disse a Cavaco que a central sindical não se opõe a uma antecipação do calendário eleitoral, mas qe mais importante é mudar políticas. 

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou que não é possível dar o "benefício da dúvida" a um Governo que trouxe o país a esta crise política e económica.

O líder sindical, que insistiu em Belém na necessidade de serem convocadas eleições antecipadas, defendeu que a “democracia precisa de respirar" e não pode ficar sujeita aos interesses partidários do PSD e do CDS.

"A não convocação de eleições é permitir que os que colocaram o país onde se encontra se mantenham no poder, os que foram responsáveis por este processo profundo de instabilidade e crise (...) É uma forma de descredibilizar a política e as instituições", defendeu Arménio Carlos.

De seguida, o Presidente reuniu-se com o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, que, mais cauteloso, disse que não defende a queda do Governo, mas também não se opõe à realização de eleições. Importante, frisou, é mudar de políticas, independentemente "da dança das cadeiras ou das caras".

Carlos Silva descreveu a semana passada como "impensável" e sublinhou a importância da estabilidade "governantiva, da coesão e da credibilidade. "A ligação do Governo aos portugueses está fragilizada", disse Carlos Silva.

Os dois parceiros de coligação do Governo levaram ontem até ao Palácio de Belém garantias de estabilidade e de uma solução política "sólida e abrangente", dois adjectivos utilizados pelo líder do CDS, Paulo Portas. Em sintonia, o vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, disse ter transmitido ao chefe de Estado que há "todas as condições de estabilidade e de coesão" para governar. E que a "precipitação de um acto eleitoral", em resposta ao PS, comprometeria o resultado dos sacrifícios feitos pelos portugueses em dois anos.

As garantias deixadas pelos dois partidos não convencem, no entanto, o líder do PS. Um quadro de maioria parlamentar não basta para garantir estabilidade e é preciso um Governo com uma nova legitimidade para renegociar com a troika, insiste Seguro.

Mas os presidentes das diversas confederações patronais discordam. Antecipar eleições traria maior instabilidade e contribuiria para "minar" ainda mais a "confiança", esse "valor" indispensável às empresas e às famílias. E que, com "irresponsabilidade", foi posto em causa com a crise política em que repousa o país há uma semana. Foi esta a mensagem que António Saraiva, presidente da CIP, transmitiu a Cavaco. Apelos à estabilidade também dos presidentes das Confederações do Turismo e da Agricultura. Sem comentar o "xadrez político", João Vieira Lopes, da Confederação de Comércio e Serviços, sublinhou que o importante é que haja mudança de política económica.

Em sintonia, o vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, disse ter transmitido ao chefe de Estado que há "todas as condições de estabilidade e de coesão" para governar. E que a "precipitação de um acto eleitoral", em resposta ao PS, comprometeria o resultado dos sacrifícios feitos pelos portugueses em dois anos. 

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