Agências noticiosas com interpretações divergentes do discurso de Cavaco
Cavaco vetou o acordo PSD/CDS.
Enquanto a francesa AFP interpretou a comunicação ao país de Cavaco Silva como “a aprovação da remodelação da actual coligação” no poder, ao destacar a frase presidencial de que “o actual Governo se encontra na plenitude das suas funções”, a sua congénere Efe indica que o chefe de Estado pediu um executivo de “salvação nacional”.
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Enquanto a francesa AFP interpretou a comunicação ao país de Cavaco Silva como “a aprovação da remodelação da actual coligação” no poder, ao destacar a frase presidencial de que “o actual Governo se encontra na plenitude das suas funções”, a sua congénere Efe indica que o chefe de Estado pediu um executivo de “salvação nacional”.
Na interpretação da AFP, “a decisão significa, por agora, a sobrevivência do Governo de centro-direita do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, após uma crise política que abalou os mercados mundiais devido aos receios de uma nova onda de instabilidade na periferia da zona euro com problemas de dívida”.
Após sublinhar que Cavaco Silva não aceitou a proposta de Governo “apenas com a aliança conservadora no poder”, a agência noticiosa espanhola refere, por sua vez, que o chefe de Estado “apelou à situação de ‘emergência nacional’ em que se encontra o país para pedir aos dois partidos conservadores e aos socialistas que cheguem a um acordo de governo para cumprir o programa de resgate e convocar eleições antecipadas quando for concluído, em Junho de 2014”.
Já a britânica Reuters salienta que Cavaco Silva pretende que os partidos da coligação no poder “obtenham um acordo com a oposição socialista sobre a realização de eleições após o fim do plano de resgate internacional ao país no próximo ano”.
A agência noticiosa frisa que o acordo tripartidário deverá incluir um calendário para a realização de eleições antecipadas, e salienta que a coligação governamental, que propôs uma remodelação governamental para terminar com a crise interna “permanece em funções com plenos poderes”.
Por sua vez, a norte-americana AP sublinha que o Presidente português “mantém a confiança na turbulenta coligação governamental e rejeitou os pedidos dos partidos da oposição para a convocação de eleições antecipadas”.
Já a também agência norte-americana Bloomberg destaca o alerta do Presidente de que novas eleições, no imediato, poderiam implicar um novo resgate, e quando falta menos de um ano para a conclusão do actual programa de assistência financeira.
O Presidente da República propôs nesta quarta-feira, numa comunicação ao país, um “compromisso de salvação nacional” entre PSD, PS e CDS que permita cumprir o programa de ajuda externa e que esse acordo preveja eleições antecipadas a partir de Junho de 2014.
Cavaco Silva considerou também “extremamente negativo para o interesse nacional” a realização imediata de eleições legislativas antecipadas.
A declaração do Chefe de Estado surgiu depois de ter ouvido todos os partidos com representação parlamentar e com os parceiros sociais e na sequência do pedido de demissão apresentado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no dia 2 de Julho.