Inventor do “rato” morreu aos 88 anos

Doug Engelbart morreu na Califórnia, depois de vários anos a lutar contra a doença de Alzheimer. A patente do “rato” foi conseguida em 1970.

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Doug Engelbart a segurar no "rato" em madeira e com duas rodas metálicas Stanford Research Institute/DR

Segundo avançou a sua filha Diana Engelbart Mangan, citada pelo San Francisco Chronicle, o informático morreu na sua casa de Atherton, no coração de Silicon Valley, na sequência de uma falência renal e depois de vários anos a lutar contra a doença de Alzheimer.

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Segundo avançou a sua filha Diana Engelbart Mangan, citada pelo San Francisco Chronicle, o informático morreu na sua casa de Atherton, no coração de Silicon Valley, na sequência de uma falência renal e depois de vários anos a lutar contra a doença de Alzheimer.

Nascido no Oregon, Doug Engelbart instalou-se na Califórnia para se tornar investigador no Stanford Research Institute, após se ter formado em Engenharia Electrotécnica e Informática nos anos 50, quando um único computador ainda ocupava uma divisão, recorda a Lusa. O trabalho do engenheiro e da sua equipa ajudou a lançar as bases sobre os quais se ergueu a informática moderna. As suas pesquisas incidiram sobre a videoconferência, a teleconferência, o correio electrónico, as “janelas” e as ligações de hipertexto, mas ficou sobretudo conhecido por ter inventado o “rato”.

A patente do “rato”, que se apresentava inicialmente como uma caixa em madeira com duas rodas de metal, foi pedida em 1967 e concedida em 1970, descreve a mesma agência. A sua equipa de investigadores criou também a Arpanet, precursora da Internet. Engelbart esteve na origem de 21 patentes e recebeu, em 2000, a medalha nacional de tecnologia, a mais alta distinção do sector. Antes, em 1997, tinha recebido o prémio financeiro mais elevado para investigadores nos Estados Unidos, o Prémio Lemelson-MIT, no valor de 500 mil dólares.

Contudo, a concretização da ideia de trabalhar dentro de um computador com um objecto que está fora do mesmo só foi comercializada em 1984, quando a Apple revolucionou o mundo informático com o seu Macintosh e poucos anos antes de Engelbart ter visto a patente do "rato" expirar, pelo que só beneficiou dos lucros durante pouco mais de três anos.

O responsável pelo Stanford Research Institute salientou, num comunicado citado pela CNN, que Engelbart considerava todo o seu trabalho como uma “forma de aumentar o intelecto humano”, pelo que sempre se concentrou em procurar formas de as pessoas partilharem ideias e solucionarem problemas que na sua época pareciam impossíveis. “Trouxe um enorme valor para a sociedade e vamos sentir falta da sua genialidade, calor e encanto. O seu legado é imenso. Qualquer pessoa no mundo que use um "rato" beneficia de muitas potencialidades do computador graças a ele”, resumiu Curtis R. Carlson.

Já o fundador e conservador do programa da história da Internet no Museu da História do Computador, Marc Weber, ao mesmo jornal, sublinhou que “há apenas um punhado de pessoas que tenham sido tão influentes como” aquele engenheiro pioneiro. “Teve uma visão completa do que os computadores poderiam vir a ser numa fase muito prematura. Começou a pensar nestas coisas quando os computadores apenas eram utilizados para cálculos. Não eram, de modo algum, interactivos, por isso foi muito radical naquela altura”, acrescentou.

Em 2007, à CNN, Engelbart disse que por vezes reflecte “sobre como é preciso alguém ser suficientemente engenhoso para conseguir ser visionário e ultrapassar obstáculos até ser bem sucedido”, enquanto muitos outros também com visões acabam por cair e ficar pelo caminho.

Engelbart deixa a sua mulher, Karen O'Leary Engelbart, e quatro filhos: Diana, Christina, Norman e Greda.