Indignados saem à rua em Lisboa e Porto para pedir demissão de Passos
Encontros convocados pelas redes sociais.
Em Lisboa, perto de duas centenas de pessoas estavam às 22h concentradas na rotunda do Marquês de Pombal a "exigir ao primeiro-ministro", Pedro Passos Coelho, que "olhe para a realidade" e "se demita". No Porto, a situação é semelhante e o número de pessoas tem vindo a aumentar com o crescer da noite.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Em Lisboa, perto de duas centenas de pessoas estavam às 22h concentradas na rotunda do Marquês de Pombal a "exigir ao primeiro-ministro", Pedro Passos Coelho, que "olhe para a realidade" e "se demita". No Porto, a situação é semelhante e o número de pessoas tem vindo a aumentar com o crescer da noite.
O número de manifestantes - convocados para este encontro nas redes sociais horas depois de ter sido conhecida a decisão do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, de abandonar o Governo - tem vindo a aumentar aos poucos desde as 21h, apesar de haver já algumas pessoas a abandonar.
Na capital, virada para Avenida da Liberdade, está uma grande faixa de pano com os dizeres: "Obviamente, estão demitidos!". Ao seu lado há manifestantes que pedem, a quem percorre de automóvel a rotunda, que buzinem.
Atrás da faixa há gritos e refrões de protesto, com um pedido insistente, entre os jovens manifestantes: "Demissão!".
"Fora, fora daqui, a fome, a miséria e o FMI", ouve-se, da boca dos manifestantes, entre buzinas e apitos.
Ana Feijão, de 30 anos, assistente de produção e activista da associação de combate à precariedade "Precários Inflexíveis", um dos movimentos que convocaram este protesto, disse aos jornalistas que quem aqui está hoje veio "exigir a Passos Coelho que olhe para a realidade" e que "aceite que o Governo acabou".
"As pessoas já provaram - na rua, várias vezes - que não querem o Governo, a 'Troika' nem a austeridade, só o primeiro-ministro é que não vê isso", acrescentou.
A activista afirmou ainda que não veio "preparada para dormir na rua", mas não exclui a hipótese de passar a noite na rua, "se o protesto ganhar gente e força".
Fonte da divisão de trânsito da PSP no local disse à agência Lusa que, "na eventualidade de ser necessário, o trânsito será cortado".
No Porto, cerca de 200 pessoas estavam concentradas depois das 21h30 na Avenida dos Aliados, em frente à Câmara do Porto, envergando uma faixa preta onde se pode ler “Povos Unidos contra a Troika”.
Os manifestantes gritavam “Governo para rua!” e “FMI fora daqui”.
No local, segundo constatou a agência Lusa, está algum policiamento - normal nestas manifestações -, não havendo quaisquer símbolos de organizações políticas ou sindicais.
Paulo Portas apresentou hoje o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que, contudo, não o aceitou, para já.
Paulo Portas referiu, num comunicado, que a decisão é “irrevogável” e justificou-a com a discordância na escolha de Maria Luís Albuquerque para a pasta das Finanças, depois da saída de Vítor Gaspar, na segunda-feira.
Na sua declaração ao país, Pedro Passos Coelho comunicou a intenção de esclarecer as condições de apoio político ao Governo de coligação com o CDS-PP e o sentido da demissão do ministro Paulo Portas.