“Fuga de cérebros” afecta investimento nos alunos portugueses
A aposta quase inexistente das empresas nos jovens portugueses está a aumentar o número de emigrantes, informa a GfK.
“O Estado não valoriza o capital humano, apenas valoriza o capital financeiro”, avançou à Lusa Armando Pires, professor na Norwegian School of Economics.
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“O Estado não valoriza o capital humano, apenas valoriza o capital financeiro”, avançou à Lusa Armando Pires, professor na Norwegian School of Economics.
“Quero ir para um sítio onde consiga encontrar oportunidades, o dinheiro não é o mais relevante”, defende Vítor Monteiro, de 22 anos, estudante de Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). “Na minha área é completamente impossível encontrar alguma coisa em Portugal.”
As nações que recebem os estudantes portugueses, embora não invistam na sua educação, tiram proveito dos seus conhecimentos. Rita Ventura Viana, de 21 anos, aluna do Mestrado em Estudos Estratégicos e de Segurança da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, prepara-se para ir estudar para a Dinamarca já no próximo mês de Agosto: “O facto de não ter que pagar propinas acaba por ser algo a ter em conta. Por outro lado, tenho a possibilidade de fazer um estágio em Ciências Sociais nesta universidade, o que seria impossível em Portugal”, declara a jovem ao PÚBLICO. “Pretendo um dia voltar a Portugal, mas nos próximos 20 anos isso não está nos meus horizontes”.
O Estado gasta, em média, cerca de 47 mil euros com um estudante português que frequente o ensino obrigatório, para além de que é necessário ter em conta as despesas inerentes ao ensino superior e a bolsas, revela um relatório do Tribunal de Contas.
“A competitividade em Portugal em áreas tão saturadas como a advocacia faz com que muitos colegas meus estejam a estagiar a troco de nada, e que outros nem sequer consigam trabalho nas sociedades onde estagiaram, não lhes restando outra possibilidade senão mudar de área ou emigrar”, constata Maria João Cocco da Fonseca, de 25 anos, licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP). “Mas na minha área isso não foi de todo um factor determinante. A minha permanência em Portugal não seria compatível com o desenvolvimento da minha área, Direito Comunitário.”