Movimento de oposição no Egipto faz ultimato a Morsi

Confrontos entre partidários e opositores do Presidente já provocaram 16 mortos desde domingo.

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“Damos a Mohamed Morsi até terça-feira 2 de Julho às 17h [16h em Lisboa] para deixar o poder e permitir às instituições do Estado que preparem uma eleição presidencial antecipada”, afirma um comunicado publicado no site do movimento. Caso o Presidente rejeite o ultimato, será lançada uma “campanha de desobediência civil total”, promete.

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“Damos a Mohamed Morsi até terça-feira 2 de Julho às 17h [16h em Lisboa] para deixar o poder e permitir às instituições do Estado que preparem uma eleição presidencial antecipada”, afirma um comunicado publicado no site do movimento. Caso o Presidente rejeite o ultimato, será lançada uma “campanha de desobediência civil total”, promete.

Quatro ministros entregaram a sua demissão ao primeiro-ministro, Hisham Qandil, já depois deste ultimato ser conhecido. O ministro do Turismo, do Ambiente, das Comunicações e dos Assuntos Jurídicos e Parlamentares entregaram uma carta de demissão conjunta, diz a agência AFP, citando uma fonte governamental.

No domingo, cerca de meio milhão de pessoas concentraram-se na Praça Tahrir e uma multidão semelhante reuniu-se em Alexandria, a segunda cidade do país. As manifestações tiveram uma dimensão sem precedentes desde a revolta que levou à queda de Hosni Mubarak, no início de 2011.

Segundo o balanço feito nesta segunda-feira por um responsável do Ministério da Saúde, 16 pessoas foram mortas e 900 ficaram feridas em confrontos entre partidários e adversários do chefe de Estado desde domingo.

Manifestantes atacaram domingo à noite com pedras, tiros e cocktails molotov a sede do Partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, a que Morsi pertence. Imagens televisivas mostram chamas no edifício.

Partidários da Irmandade ripostaram com disparos de armas de chumbo grosso, segundo o testemunho de um repórter da AFP. Mais tarde, segundo a agência, foram ouvidos tiros de armas automáticas nas imediações do edifício. Fontes hospitalares citadas pela Reuters disseram que foram mortas duas pessoas e feridas 45. Líderes da Irmandade acusaram a polícia de falhar na protecção do edifício.

Na manhã desta segunda-feira, um jornalista da Reuters viu dois jovens serem atingidos a tiro, no exterior do edifício. Fontes médicas citadas pela agência referem pelo menos seis feridos.

Centenas de manifestantes passaram a noite na Praça Tahrir e frente ao palácio presidencial. A situação estava calma ao início da manhã desta segunda-feira. Segundo a Reuters, apenas ali se mantinham concentradas algumas centenas de pessoas. Situação semelhante verificava-se um pouco por todo o resto do país.

O Tamarrod (Rebelião, em árabe), apoiado por personalidades e movimentos da oposição laica, diz ter recolhido mais de 22 milhões de assinaturas a favor da realização de eleições presidenciais antecipadas. Esse número é superior ao de eleitores que votaram em Morsi em Junho de 2012 (mais de 13 milhões).

Foi o Tamarrod que apelou às manifestações gigantescas de domingo, por ocasião do aniversário da tomada de posse de Morsi, o primeiro Presidente civil do Egipto. No seu comunicado, o movimento apela ao Exército, à polícia e ao sistema de justiça para “se posicionarem claramente do lado da vontade popular representada pelas multidões” de manifestantes de domingo.

O movimento rejeitou um apelo ao diálogo feito no domingo por Morsi. “Impossível aceitar meias-medidas. Não há outra alternativa que o fim pacífico do poder da Irmandade Muçulmana e o seu representante, Mohamed Morsi”, afirma.

O Egipto está profundamente dividido entre os adversários de Morsi, que denunciam uma deriva autoritária do poder com vista à instauração de uma regime dominado por islamistas, e os partidários do Presidente, que invocam a legitimidade do triunfo na primeira eleição livre na história do país.