Menina que foi acusada de blasfémia por queimar Corão muda-se para o Canadá
Rimsha Masih, de 14 anos, ficou detida numa prisão de segurança máxima no Paquistão, em Agosto de 2012. A acusação era falsa. Mas, depois de ameaças de morte, ela e a família tiveram de abandonar o país.
Segundo a BBC, uma organização cristã informou que Rimsha, que tem dificuldades de aprendizagem, e a família estão agora no Canadá, mas que a cidade não será revelada. "Ela está a gostar da escola e eles sentem-se livres", disse um dos activistas da organização.
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Segundo a BBC, uma organização cristã informou que Rimsha, que tem dificuldades de aprendizagem, e a família estão agora no Canadá, mas que a cidade não será revelada. "Ela está a gostar da escola e eles sentem-se livres", disse um dos activistas da organização.
Só em Novembro, três meses depois de ter sido falsamente acusada de blasfémia por ter destruído páginas do Corão, Rimsha Masih, de 14 anos, viu a acusação ser retirada.
A menor vivia em Mehrabad, um bairro cristão da capital Islamabad rodeado pela maioria muçulmana. Este terá sido um caso de tensão religiosa entre os muçulmanos e a minoria cristã, consideraram, na época, as organizações não-governamentais no Paquistão.
Rimsha foi detida em Agosto de 2012 diante de uma multidão enfurecida que exigia a sua punição. Mas semanas depois o imã Khalid Chisti foi acusado de ter sido ele próprio a colocar páginas queimadas do Corão entre os pertences da menina. “Sublinhámos ao tribunal que não havia uma testemunha que tivesse visto Rimsha a queimar as páginas do Corão”, defendeu, então, Akmal Bhatti, um dos advogados que representam a menor.
Ela só saiu da prisão de segurança máxima em Setembro, depois de uma fiança de mais de 8 mil euros ter sido paga, num caso inédito no Paquistão. As penas para blasfémia no país vão da prisão perpétua à pena de morte e não são sujeitas a fiança.
O caso surgiu numa altura em que se debate a intolerância entre muçulmanos no Paquistão ou as leis contra a blasfémia do islão. Activistas dos direitos humanos no país têm exigido uma reforma da legislação, nomeadamente a lei que prevê a prisão perpétua para quem seja acusado de desrespeitar o Corão.
Pelo menos dois políticos proeminentes paquistaneses que defendiam mudanças na lei foram assassinados nos últimos anos. E, segundo a BBC, há pouca probabilidade de as leis virem a mudar.