Luz verde para as negociações de adesão da Sérvia à União Europeia

Adivinha-se um longo caminho para as autoridades de Belgrado conseguirem cumprir os critérios de convergência impostos pelos 27.

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O primeiro-ministro, Ivica Dacic, recebe um abraço de Barroso Francois Lenoir/Reuters

A Sérvia, candidata à adesão desde Março de 2012, vê assim recompensados os seus esforços com vista a normalizar as relações com o Kosovo, a sua antiga província que se autoproclamou independente em 2008.

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A Sérvia, candidata à adesão desde Março de 2012, vê assim recompensados os seus esforços com vista a normalizar as relações com o Kosovo, a sua antiga província que se autoproclamou independente em 2008.

A 19 de Abril, Belgrado e Pristina assinaram, sob a égide da União Europeia, um acordo apresentado como “histórico” de normalização das suas relações, depois de meses de difíceis negociações.

O processo de negociações de adesão à UE agora anunciado é longo e complexo e visa harmonizar as leis e regulamentos da Sérvia com os do bloco europeu.

“Podem estar seguros de que a Sérvia fará tudo para acelerar as reformas. Não queremos perder mais tempo, nós pertencemos à família europeia”, disse o primeiro-ministro, Ivica Dacic, durante uma visita a Bruxelas na semana passada. O seu desejo é que as negociações durem “quatro, cinco anos” e “não dez anos”.

Mas oito anos foram necessários para a Croácia – que dia 1 de Julho se torna no 28.º Estado-membro da União Europeia – responder aos critérios fixados pelos europeus, que ficaram mais exigentes depois do início da crise financeira e das dificuldades que enfrentaram os dois membros mais recentes da UE, a Bulgária e a Roménia, que entraram em 2007.

Este endurecimento dos critérios também responde ao desagrado com que os cidadãos europeus encaram novas adesões. O mais recente Eurobarómetro mostra que 52% dos inquiridos são contra um novo alargamento.

Mas politicamente seria complicado fechar as portas da “família europeia” aos países dos Balcãs, aos quais foi dito (e que hoje acreditam) que a adesão à UE é o caminho mais seguro para encerrar definitivamente o capítulo dtraumático as guerras da ex-Jugoslávia dos anos 1990.

“Foi a perspectiva de uma adesão à UE que conduziu os países da ex-Jugoslávia a entregarem quase todos os presumíveis criminosos de guerra ao Tribunal Penal Internacional em Haia, e criarem assim condições para uma paz durável na região”, sublinham Sami Andoura e Yves Bertoncini, num estudo publicado nesta semana no instituto Notre Europe.

Ao Kosovo os 27 propuseram o início de negociações com vista a um “acordo de estabilização e de associação”, primeira etapa de uma eventual candidatura à União Europeia. Ainda há cinco países europeus que não reconhecem a independência daquele território.