PSP acusada de usar “demasiada força” para quebrar piquete de greve
Activistas gravaram vídeo. "Os meios são sempre os proporcionais face às situações", responde a polícia
“Era escusado a polícia ter usado tanta força em alguns momentos”, diz ao PÚBLICO Marco Marques, da associação Precários Inflexíveis (PI), que publicou na sua página no Facebook um vídeo que documenta o momento da acção policial e no qual a palavra "violência" é utilizada. “Houve desproporção na força utilizada”, sublinha Marco Marques.
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“Era escusado a polícia ter usado tanta força em alguns momentos”, diz ao PÚBLICO Marco Marques, da associação Precários Inflexíveis (PI), que publicou na sua página no Facebook um vídeo que documenta o momento da acção policial e no qual a palavra "violência" é utilizada. “Houve desproporção na força utilizada”, sublinha Marco Marques.
O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, através do gabinete de relações públicas, recusa a ideia de que tenha havido excesso de força. “Os meios são sempre os proporcionais face às situações. A Polícia não vai pronunciar-se nesse sentido”, disse ao PÚBLICO o agente Cunha. “Aos olhos do cidadão, [a força utilizada pela PSP] é sempre em excesso.”
A Carris está obrigada a cumprir serviços mínimos, por decisão do tribunal arbitral. A empresa anunciou que iriam circular 13 carreiras no dia da greve geral – 703, 708, 735, 736, 738, 742, 751, 755, 758, 760, 767 e 781, a “50% do seu regime normal”. Na Musgueira, de onde partem alguns destes autocarros, a saída estava a ser impedida pelo piquete de greve.
Marco Marques diz que, além de trabalhadores da empresa e de sindicalistas, estavam no piquete elementos do PI e do colectivo de estudantes Artigo 74.º. O activista afirma que não estavam a tentar impedir o cumprimento dos serviços mínimos, “até porque na Musgueira nunca é muito claro se os autocarros são serviço mínimo ou não, não estão identificados”.
O que estavam a fazer, segundo Marco Marques, era “atrasar ao máximo” a saída dos autocarros e a “conversar com os trabalhadores” que iam chegando para o serviço. O activista refere, a esse propósito, que “o director da estação [da Musgueira] impediu as pessoas do piquete de entrar nas instalações da empresa”, para falar com os trabalhadores.
“Não vimos a polícia a agir a esse respeito”, diz. “Houve demasiada força para uns e pouca ou nenhuma para uma situação que está no limite da lei.”
O vídeo mostra alguns agentes da polícia de intervenção a empurrar de forma vigorosa os elementos do piquete de greve, quando estes já tinham sido afastados da saída da estação. Perto do final dos três minutos de vídeo (aos 2:45), vêem-se dois agentes a fazer rodar um dos elementos do piquete sobre uma barreira com cerca de um metro – que é amparado pelos outros, em protesto. “Ele vai cair”, ouve-se alguém a gritar, no meio da confusão.
Por outro lado, vêem-se também no vídeo alguns agentes a tentar convencer quem estava sentado no chão a levantar-se e a passar para o outro lado da barreira, sem recurso à força.