Kerry adverte China e Rússia de que fuga de Snowden terá consequências

Autoridades de Hong Kong e Moscovo acusadas de ignorarem pedidos de detenção e extradição do norte-americano.

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O ex-consultor informático de empresas subcontratadas pela Agência Nacional de Segurança (NSA), acusado pelos Estados Unidos de espionagem e roubo de propriedade, chegou à Rússia no domingo, depois de uma estadia de mais de um mês em Hong Kong – o seu refúgio desde que revelou a existência de programas de vigilância de chamadas telefónicas, emails e conversas na Internet geridos pela NSA.

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O ex-consultor informático de empresas subcontratadas pela Agência Nacional de Segurança (NSA), acusado pelos Estados Unidos de espionagem e roubo de propriedade, chegou à Rússia no domingo, depois de uma estadia de mais de um mês em Hong Kong – o seu refúgio desde que revelou a existência de programas de vigilância de chamadas telefónicas, emails e conversas na Internet geridos pela NSA.

Apesar dos pedidos de extradição dos Estados Unidos, o norte-americano conseguiu viajar entre os dois países e deverá estar agora em viagem para local incerto. Havia informações de que Snowden deveria estar num voo, esta manhã, com destino a Cuba, mas não chegou a entrar no avião de uma companhia aérea russa. Segundo a agência de notícias Interfax, Snowden já não deverá estar na capital russa.

Washington acusa a China e a Rússia de ignorarem os pedidos de cooperação. O chefe da diplomacia norte-americana, John Kerry, que falava em conferência de imprensa em Nova Deli, Índia, considera que Snowden “traiu o seu país”, mas deixa uma advertência também aos países que acolheram, ainda que temporariamente, a fonte dos jornais Guardian e Washington Post no caso que envolve a NSA. “Como resultado, e sem dúvida alguma, haverá um efeito e um impacto sobre as relações [diplomáticas] e consequências”, sublinhou.

Kerry declarou ainda que seria “obviamente decepcionante se [Snowden] tivesse sido intencionalmente autorizado a entrar num avião”. Aos jornalistas o secretário de Estado norte-americano lamentou a hipótese de a China e a Rússia terem tomado uma “decisão deliberada ao ignorar [os pedidos de extradição] e de não terem actuado com base na lei”.

Ainda sobre a Rússia Kerry sublinhou que os Estados Unidos têm respondido aos apelos das autoridades russas para a extradição de cidadãos do país. “Ao longo dos últimos dois anos, transferimos para Rússia sete prisioneiros  reclamados, e considero importantes a reciprocidade e o respeito pela lei.”

Onde está Snowden?
A localização aproximada de Snowden era conhecida até esta manhã. Depois de Hong Kong, o norte-americano tinha viajado até Moscovo, na companhia de elementos da WikiLeaks, de Julian Assange, incluindo Sarah Harrison, consultora jurídica do fundador daquela organização.

Segundo uma fonte da companhia aérea russa Aeroflot, Snowden tinha voo marcado, no aeroporto de Cheremetyevo, para as 15h05 (10h05 em Lisboa) com destino a Havana, mas o norte-americano não estava entre os passageiros que embarcaram. Depois de Cuba especulou-se que seguiria para a Venezuela, mas até agora não há qualquer informação sobre o seu destino seguinte. A única certeza é que pediu asilo político ao Equador. O país, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, confirmou o pedido de Snowden, mas recusou-se a adiantar mais pormenores sobre o paradeiro do norte-americano.

Numa carta enviada ao Presidente equatoriano, Rafael Correa, Snowden justificou o pedido de asilo com o “risco de ser perseguido pelos Estados Unidos e pelos seus agentes”. Na resposta, o Equador garantiu que coloca os direitos humanos “acima de qualquer interesse que possa ser discutido ou de qualquer pressão a que possa ser sujeito”.

Os Estados Unidos e o Equador têm um acordo sobre extradição, mas este não se aplica em casos de crimes ou ofensas de carácter político, argumento que poderá ser utilizado pelo Governo de Quito.