Os 18 bens classificados além da Universidade de Coimbra
As Villas dos Médici, o parque Wilhelmshöh, a cidade antiga de Quersoneso juntaram-se à lista no domingo. Veja aqui todas as imagens.
É o caso das villas e jardins dos Médici, em Florença, na Toscana italiana, ou das ruínas da colónia grega de Quersoneso, fundada no século V a.C., hoje na Ucrânia. Ou dos monumentos de Kaesong, símbolo da história e cultura de quatro séculos da dinastia Koryo (do X ao XIVº), responsável pela unificação da Coreia – assistiremos a um “boom” turístico num dos mais fechados países do mundo, a Coreia do Norte?
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É o caso das villas e jardins dos Médici, em Florença, na Toscana italiana, ou das ruínas da colónia grega de Quersoneso, fundada no século V a.C., hoje na Ucrânia. Ou dos monumentos de Kaesong, símbolo da história e cultura de quatro séculos da dinastia Koryo (do X ao XIVº), responsável pela unificação da Coreia – assistiremos a um “boom” turístico num dos mais fechados países do mundo, a Coreia do Norte?
Os Médici foram uma das mais influentes famílias italianas, uma dinastia que dominou a vida florentina e toscana entre os séculos XV e XVIII. Acima da influência política, o seu legado mais perene encontra-se na arte e arquitectura que patrocinaram (foram mecenas, por exemplo, de Miguel Ângelo ou de Leonardo da Vinci), determinante para que a Florença histórica seja património mundial da UNESCO desde 1982. As suas villas renascentistas erguem-se nos arredores da cidade e são testemunho de um imenso poder representado com elevadas e evidentes preocupações estéticas. Mais a norte no mapa europeu, em Kassel, Alemanha, descobrimos o Bergpark [parque de montanha] Wilhelmshöh, obra-prima barroca pela integração da arquitectura na paisagem que começou a ser construída em 1696 e que sofreu uma última grande intervenção em 1826.
Avançando no mapa-mundo para Este, paramos na Ucrânia, cuja cidade antiga do Quersoneso, bem como a sua “chora” (o espaço rural circundante, dividido em centenas de parcelas da mesma dimensão), foi domingo classificada pelo Comité do Património Mundial. No século III a.C. a cidade era a maior produtora de vinho do Mar Negro e um centro de trocas comerciais entre os impérios grego, romano e bizantino. “É um exemplo notável de organização democrática da terra associada a uma antiga polis”, escreveu o Comité. Sobre Kaesong, a cidade norte-coreana fundada no século X, lemos que “os seus palácios, instituições e complexo funerário, muralhas defensivas e portões representam os valores políticos, culturais, filosóficos e espirituais de uma era crucial na história da região”.
A lista de património classificado este domingo completa-se com o palácio Golestan, em Teerão. É formado por 17 edifícios e foi maioritariamente construído durante o período em que o país foi dirigido pela família Qajar, que atingiu o poder em 1779. “Tornou-se um centro das artes e arquitectura Qajari, de que é um exemplo excepcional, e manteve-se até hoje fonte de inspiração para artistas e arquitectos”, destacou o Comité do Património Mundial.
O monte Fuji
Nos dias anteriores, a UNESCO tinha classficado desde o Monte Etna, na Sicília, e do Monte Fuji, no Japão, aos fortes do Rajastão, na Índia. Dos vulcões de Pinacate e Grande deserto de Altar, no México, às tserkas, igrejas de madeira construídas entre os séculos XVI e XIX, nos Cárpatos, além da Universidade de Coimbra.
O Monte Fuji será um dos mais célebres e icónicos entre os novos locais classificados. A classificação é atribuída a “Fujisan, local sagrado e fonte de inspiração artística”. Fuji não está sozinho. Há outro monte célebre, outro vulcão activo nas listas da UNESCO. O Etna, que ao contrário de Fuji, de baixa actividade, é ainda um poço de energia vulcânica, viu também os seus 19 mil hectares e o ecossistema que acolhe transformados em Património da Humanidade.
Entre o novo património classificado, existe o de criação humana, o natural, ou aquele que sugere uma perfeita simbiose entre os dois, como é o caso dos socalcos de Honghe Hani, na China. Ali, ao longo de 1300 anos, o povo Hani criou “um complexo sistema de canais para trazer água dos topos de montanha arborizados até aos socalcos” e um sistema agrícola que integra a produção de arroz com a criação de gado, patos, peixe ou enguias, demonstrando, escreve o comité da UNESCO, “uma extraordinária harmonia entre as pessoas e o seu ambiente”.
Ainda na China, foi também classificado a área de Xinjiang Tianshan, onde cadeias montanhosas geladas e florestas verdejantes se confrontam com a vastidão do deserto de Taklimakan. O local classificado é um “exemplo excepcional dos processo evolutivos biológicos e ecológicos em curso”. Excepcional será também o Mar de Areia de Namib na Namíbia, deserto costeiro que, caso único no mundo, se cobre de nevoeiro – foi o primeiro espaço natural namibiano classificado pela UNESCO. Já o México viu o Pinacate (terceiro vulcão nas listas do Comité) e o deserto de Altar instalado a oeste da sua localização passarem de Reserva Biosfera da organização a Património Mundial.
10 séculos de fortes no Rajastão
Foram classificadas ainda as montanhas Pamir, no Parque Nacional do Tajiquistão (“um ponto de encontro entre as mais altas cadeias montanhosas do continente Eurasiático”), o centro de caça à baleia de Red Bay, no Canadá, fundado no século XVI por marinheiros do País Basco e hoje uma rica zona arqueológica, bem como a cidade portuária de Levuka, nas Ilhas Fiji ou o centro histórico de Agadez, porta para o deserto do Saara, no Níger, e que, nos séculos XV e XVI, era um importante ponto de encontro na rota das caravanas de mercadores – do outro lado do continente africano, no Qatar, na península arábica, foi classificada outra antiga cidade florescente através do comércio, Al Zubarah, povoação costeira abandonada no início do século XX, hoje o sítio arqueológico.
A lista dos locais erguidos a património mundial completava-se com os fortes do Rajastão, na Índia, construídos e desenvolvidos por vários principados ao longo de dez séculos, entre o VIII e o XVIII, e 16 tserkas, igrejas de madeira da região dos Cárpatos, erguidas entre a Polónia e Ucrânica por comunidades ortodoxas orientais e greco-cristãs.