São Carlos ainda sem director apresenta temporada lírica só com duas produções internas

João Paulo Santos, director de estudos musicais do São Carlos, foi o coordenador da Temporada Outuno-Inverno do São Carlos.

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A nova temporada, ontem apresentada, foi elaborada recorrendo aos meios internos e criando um “produto São Carlos de qualidade”, utilizando “o dinheiro que estava, ou melhor, que não estava disponível”, apontou João Villa-Lobos, presidente do conselho de administração da Opart-Organismo de Produção Artística, entidade que gere o São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado.

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A nova temporada, ontem apresentada, foi elaborada recorrendo aos meios internos e criando um “produto São Carlos de qualidade”, utilizando “o dinheiro que estava, ou melhor, que não estava disponível”, apontou João Villa-Lobos, presidente do conselho de administração da Opart-Organismo de Produção Artística, entidade que gere o São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado.

A Temporada Outono-Inverno e o Festival Ao Largo, que decorrerá entre 28 de Junho e 28 de Julho – este com um orçamento “abaixo dos cem mil euros”, aquele “abaixo dos trezentos mil” –, foram coordenados por João Paulo Santos, director de estudos musicais. Serão o maestro e João Villa-Lobos a “aguentar o barco”, pegando numa expressão usada no encontro com a imprensa, dando tempo para que o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, escolha o futuro director artístico e para que este, quando designado, se possa dedicar a preparar adequadamente a temporada de 2014. Que terá que ser diferente, afirmou João Villa-Lobos. “Em 2014 tem que haver um sinal que isto”, o esforço interno na manutenção do São Carlos em actividade neste período conturbado e o serviço público prestado, “é reconhecido”, disse o administrador, ressalvando que, em termos orçamentais, o São Carlos terá que ver definido um patamar mínimo, “claramente acima” da dotação actual.

Pragmático, João Paulo Santos chegou a afirmar que, naturalmente, gostaria de contar com solistas e maestros convidados para a programação da temporada que coordenou. “Mas como não há dinheiro, não vale a pena pensar nisso”. Esta é a “solução prática e realista”, disse. Perante as dificuldades, afirmaria mais tarde João Villa-Lobos, “a nossa mentalidade foi ‘nós conseguimos’, em vez de reclamar e desistir por falta de meios”. Para João Paulo Santos, é “perigoso” o raciocínio de que, perante a exiguidade do orçamento e a sua reflexão na programação, “melhor seria fechar”: “é um pensamento elitista” – poucos seriam aqueles, justificou, que poderiam deslocar-se ao estrangeiro para assistir àquilo que lhes proporciona o teatro de ópera português.

A Temporada Outono-Inverno do São Carlos abre em Setembro com um concerto coral-sinfónico de homenagem a François Poulenc, nos 50 anos da morte do compositor francês. A temporada lírica é composta por Il cappello di paglia de Firenze, de Nino Rota (quatro récitas em Outubro; direcção musical de João Paulo Santos e encenação de Fernando Gomes) e Le Fille du Régiment, de Donizetti (quatro récitas em Novembro; direcção musical de Rui Pinheiro e encenação de Mário Redondo).
Quanto ao Festival ao Largo, que se inicia com um concerto sinfónico com os solistas vencedores do Concurso de Interpretação do Estoril, acolhe a 12 de Julho a versão concerto de Candide, de Leonard Bernstein, e assinala com outro concerto os bicentenários de Wagner e Verdi dias 19 e 20 de Julho (direcção musical de Rui Pinheiro).