Pires de Lima contra a “apologia do empobrecimento”
Presidente do Conselho Nacional do CDS-PP não acredita que o caminho seguido pelo Governo permita corrigir a trajectória do país.
Para que haja, em Portugal, “uma luz ao fundo do túnel” é necessário “estabilizar o consumo privado” (que representa “65 % da nossa economia”), sustentou o gestor e dirigente centrista, que falava, na noite de quarta-feira, num hotel de Coimbra, numa conferência integrada no ciclo “Há Luz ao Fundo do Túnel?”.
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Para que haja, em Portugal, “uma luz ao fundo do túnel” é necessário “estabilizar o consumo privado” (que representa “65 % da nossa economia”), sustentou o gestor e dirigente centrista, que falava, na noite de quarta-feira, num hotel de Coimbra, numa conferência integrada no ciclo “Há Luz ao Fundo do Túnel?”.
“Se continuarmos a fazer um discurso que é uma espécie de apologia do empobrecimento, a demonizar o consumo privado, se continuarmos a pretender fazer a figura de uma espécie de apóstolo do empobrecimento, aquilo que vai acontecer é que esta trajectória não vai ser corrigida”, alertou.
“É preciso dar um sinal de previsibilidade e de estabilidade às pessoas que vivem dos seus rendimentos, do trabalho ou das pensões”, sublinhou Pires de Lima, considerando que “seria importante - mesmo que essas mudanças não se possam fazer já em 2014” -, estabelecer “um calendário, um compromisso, que desse um sinal às pessoas” sobre quando é que “as sobretaxas que foram criadas” sobre os rendimentos do trabalho, reformas e pensões, “podem ser retiradas”.
Para o dirigente do CDS-PP “não é razoável que pessoas com rendimentos médios paguem 40 ou 50% de IRS”, nem é “saudável que se encare como definitivo o que foi apresentado como provisório e temporário, há cerca de dois anos”. Seria importante, salientou, que “o Governo de Portugal assumisse esse trabalho quando estiver a preparar o Orçamento para 2014, mesmo que chegue à conclusão que ainda não é possível reduzir a carga fiscal das pessoas que trabalham e pensionistas em 2014”.
O processo de “ajustamento económico” tinha, “de alguma maneira, de funcionar de acordo com as regras” definidas pela troika, “dado que perdemos a soberania, ao nos deixarmos cair na armadilha do endividamento do país”, afirmou Pires de Lima, advogando que Portugal “não tinha muita margem de manobra para não deixar de executar o memorando” de entendimento e as suas “sucessivas avaliações”.
Mas “é preciso retirar ilações daquilo que não correu bem ao longo destes dois anos porque, de facto, o regime de austeridade a que estamos a ser sujeitos, nomeadamente quando já se percebeu os resultados que traz, por ser excessiva, acaba por ser um registo de austeridade pouco inteligente, não construtiva”. Essa austeridade, sublinhou, “não nos ajuda a criar uma solução” para “os problemas com que estamos confrontados”, sobretudo de “elevados níveis desemprego”, acentuada quebra do consumo e “queda do investimento, que será em 2013 cerca de metade” do registado em 2000/2001.
“Há um conjunto de prioridades que deviam ser agarradas a fundo por este Governo”, de modo a que o “segundo ciclo da governação” - últimos meses de 2013, 2014 e 2015 -- possa “corrigir a trajectória” nas “matérias onde as coisas não estão a correr a bem”, salientou.