Quase 5% do avião KC-390 da Embraer é produzido em Portugal
Presidente da EEA diz que projecto é catalisador da indústria aeronáutica nacional.
“Não só nunca tínhamos entrado num programa destes, como entrámos com uma participação muito significativa”, explicou Jacinto Bettencourt, referindo-se ao programa KC-390, que representa “um primeiro e significativo passo” de Portugal na indústria aeronáutica de asa fixa.
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“Não só nunca tínhamos entrado num programa destes, como entrámos com uma participação muito significativa”, explicou Jacinto Bettencourt, referindo-se ao programa KC-390, que representa “um primeiro e significativo passo” de Portugal na indústria aeronáutica de asa fixa.
“É um programa de desenvolvimento da maior aeronave que alguma vez a Embraer desenvolveu, uma aeronave militar na qual Portugal participa em várias áreas: sistemas e software, engenharia e desenvolvimento, certificação e testes e na produção de ferramentas.”
A EEA foi designada a entidade gestora da participação portuguesa no programa com a Embraer, com o papel de mobilizar as empresas das áreas de aeroestruturas e software em torno de consórcios tecnológicos do KC-390.
“Apresentarmo-nos como uma empresa portuguesa que é capaz de actuar como integrador de outras empresas portuguesas em grandes programas aeronáuticos, com o suporte do nosso principal parceiro de engenharia que é o Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIIA), que tem a maior equipa de engenharia aeronáutica em Portugal”, é o objetivo da EEA, explica o presidente.
A EEA é fornecedor directo da Embraer em engenharia, com o CEIIA, e faz o projecto e cálculo estrutural de três módulos: leme de profundidade, a barriga do avião e a fuselagem central.
De seguida, esses módulos são produzidos nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), com quem a EEA tem uma parceria alargada. As OGMA subcontratam, com a EEA, empresas de ferramentas e compra ainda peças, área na qual a EEA intervém em qualidade.
Jacinto Bettencourt explicou que, “como gestor de programa, o objectivo é maximizar a incorporação nacional”, fazendo com que “o máximo de empresas portuguesas participe no programa”.
O objetivo da EEA é arranjar programas aeronáuticos, da Embraer ou de outros construtores mundiais, que permitam alavancar a indústria. “A Embraer está a apostar fortemente em Portugal, temos de aproveitar esta oportunidade”, frisou.
O presidente da EEA considerou que tem de haver um processo de sensibilização de “todos os intervenientes, desde o ponto de vista da diplomacia económica, à identificação de medidas de financiamento, mesmo os actores políticos”.
O objectivo é que a aposta na aeronáutica seja “uma aposta estratégica do Estado português e faça parte da chamada campanha de reindustrialização que se está a pensar neste momento em Portugal”, explicou.
“Na prática tudo isto se traduz em exportações de produtos de alto valor acrescentado”, afirmou Jacinto Bettencourt, considerando que é necessário “mostrar uma grande coesão da indústria, que as empresas, que não são grandes empresas, estão unidas em consórcios complementares, com uma liderança disciplinadora e vertical, da EEA e de outras empresas que sabem liderar produtos nesta área, que há apoio político e formas de financiamento criativas”.
A EEA participa pela primeira vez no Salão Internacional da Aeronáutica, Le Bourget, na região de Paris, que acolhe este ano 19 empresas portuguesas até ao próximo domingo.
Notícia corrigida dia 21.06.13. A participação de Portugal no novo avião da Embraer é de 4,5% e não de 45% como era referido na notícia que a Lusa divulgou dia 20 de Junho. A Empresa de Engenharia Aeronáutica esclareceu que o valor inicialmente avançado foi, “por lapso", incorrectamente transmitido à agência Lusa.