A notícia de protestos correu depressa nas escolas de Braga e a polícia foi chamada a intervir
Quem não conseguiu fazer o exame, protestou ruidosamente para tentar boicotar as provas. Cenário repetiu-se em várias escolas da cidade.
“Batiam nas portas dos cacifos e cantavam”, conta Daniel Campbell, um dos alunos que puderam realizar os exames. Os seus colegas permaneceram nos corredores da escola quando perceberam que não iam realizar a prova, e os esforços dos professores não conseguiram demovê-los dos protestos. Foi preciso chamar a PSP a intervir, para que a situação fosse normalizada. Os agentes conseguiram facilmente convencer os estudantes a sair do estabelecimento de ensino, mas o protesto continuou à porta da escola.
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“Batiam nas portas dos cacifos e cantavam”, conta Daniel Campbell, um dos alunos que puderam realizar os exames. Os seus colegas permaneceram nos corredores da escola quando perceberam que não iam realizar a prova, e os esforços dos professores não conseguiram demovê-los dos protestos. Foi preciso chamar a PSP a intervir, para que a situação fosse normalizada. Os agentes conseguiram facilmente convencer os estudantes a sair do estabelecimento de ensino, mas o protesto continuou à porta da escola.
Para cá dos portões da Secundária Sá de Miranda, dezenas de alunos cantaram Grândola, Vila Morena e A Portuguesa e entoaram palavras de ordem como “Alunos unidos, jamais serão vencidos”. A presidente da associação de estudantes, Sara Ferreira, dava voz ao protesto. “Esperemos que os exames não sejam considerados. Se houve alunos que os puderam fazer e outros não, têm que ser anulados”, reclamava, apelando à “equidade”.
A notícia do protesto na Sá de Miranda chegou rapidamente às outras escolas de Braga, para onde alastrou a contestação dos alunos. Na escola de Maximinos, todos os estudantes realizaram a prova, porque havia professores suficientes para vigiar as seis salas de aula onde foram feitos os exames. Mas os docentes foram recebidos com “assobios e apupos” pelos jovens, conta fonte da direcção.
Na escola Carlos Amarante, os professores conseguiram impedir que os estudantes invadissem as instalações escolares, mas estes acabaram por dirigir-se à vizinha escola D. Maria II, entrando no recinto escolar. A PSP também foi chamada a este estabelecimento de ensino e mais uma vez encaminhou os jovens para a saída sem problemas.
A situação esteve mais tensa na escola Alberto Sampaio, onde alguns estudantes conseguiram mesmo entrar num dos blocos em que decorriam as provas, obrigando os responsáveis da escola a fechar as portas do outro edifício em que estavam a ser feitos exames. A chegada da PSP também acalmou os ânimos e os alunos foram encaminhados para o exterior, onde esperaram pelos colegas e receberam os professores que não fizeram greve com um misto de aplausos e assobios.
Até então, a situação tinha estado calma nesta escola. Ouviu-se o relógio dar 9h00 e os alunos da Secundária Alberto Sampaio começaram a entrar no recinto. Os professores que com eles aguardavam para cá dos portões do estabelecimento de ensino permaneceram do lado de fora. Eram cerca de 50 dos mais de 200 docentes que aderiram à greve numa das maiores escolas de Braga.
“Esta é a única forma que temos para lutarmos pelos alunos e pelas famílias”, sintetiza Paulo Marques. Envergando uma t-shirt preta em que anunciava estar “de luto pela Educação”, este professor mostrava-se “preocupado com a qualidade do ensino” após a aplicação das reformas recentemente anunciadas pelo Ministério da Educação e Ciência.
Minutos depois das 9h30, os primeiros alunos que não puderam fazer o exame começaram a sair. Francisco Albuquerque “já estava a contar” ser um dos atingidos pela greve. À hora marcada, este aluno dirigiu-se à sua sala, mas nem chegou a sentar-se: “Vi logo que não havia professor”. Como ele, centenas de outros estudantes da escola Alberto Sampaio foram afectados pela greve. Naquele estabelecimento de ensino, apenas seis das 26 salas previstas estiveram a funcionar.
Francisco diz “compreender” as razões dos professores, ainda que se sinta “prejudicado” pela decisão de fazer greve nesta segunda-feira. “Já tinham feito greve às reuniões de avaliação”, comenta, sugerindo que o protesto talvez pudesse ter ficado por essa acção.
A sua colega de turma Beatriz Simões teve sorte diferente e foi uma das estudantes da maior escola de Braga a realizar a prova de Português. Agora encara a possibilidade de esta ser anulada, em resultado da greve. A brincar, diz que só terá uma opinião sobre essa hipótese “quando souber a nota” da prova. Mas acaba por reconhecer que essa talvez seja a melhor solução para resolver o problema, ainda que espere “poder ficar com a melhor nota das duas”.
Fugindo à norma em dias de exame, a matéria que saiu na prova era o que menos interessava nas conversas no final da mesma. Alberto Caeiro e Ricardo Reis “surpreenderam” Beatriz, mas o exame, diz, “não era muito complicado”.