Cavaco: “Consenso político não é aquele que eu gostaria”

Quando terminar o programa de resgate, avisa o Presidente da República, Portugal ficará “na mão dos mercados”. A 5 de Julho, Cavaco organiza uma reunião com economistas para discutir o pós-troika.

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PR faz “uma avaliação muito positiva” de Barroso à frente da Comissão Europeia. Na imagem: o encontro de quinta-feira, em Bruxelas JOHN THYS/AFP

“O consenso político não é aquele que talvez eu gostaria e que outros gostariam, mas a responsabilidade é totalmente dos partidos políticos. É a eles que compete fazer as negociações sobre os caminhos que Portugal deve seguir para resolver o problema do desemprego, aumentar o investimento e pôr a economia de facto a crescer”, insistiu Cavaco Silva, numa entrevista ao programa Europa XXI, da SIC Notícias, no âmbito da sua visita nesta semana ao Parlamento Europeu.

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“O consenso político não é aquele que talvez eu gostaria e que outros gostariam, mas a responsabilidade é totalmente dos partidos políticos. É a eles que compete fazer as negociações sobre os caminhos que Portugal deve seguir para resolver o problema do desemprego, aumentar o investimento e pôr a economia de facto a crescer”, insistiu Cavaco Silva, numa entrevista ao programa Europa XXI, da SIC Notícias, no âmbito da sua visita nesta semana ao Parlamento Europeu.

Cavaco Silva diz ser decisivo planear o momento seguinte ao programa de resgate financeiro, que termina em meados do próximo ano, altura a partir da qual, alerta o chefe de Estado, o país estará “na mão dos mercados”. A reacção dos investidores vai depender “da situação da economia e da situação social e política”. E isso, diz, “não se prepara no mês de Abril”.

Cavaco considera importante saber se “há um consenso social e entre as principais forças políticas quanto ao caminho que Portugal deve seguir no pós-troika”. O tema vai, aliás, ser debatido a 5 de Julho numa reunião com economistas organizada pela Presidência da República. “Participarão também economistas da Comissão Europeia, de todas as universidades portuguesas, com diferentes visões, precisamente para discutir o pós-troika, talvez a coisa mais importante com a qual estamos confrontados neste momento”.

Questionado sobre a importância do consenso em Portugal, Cavaco observou que “o consenso social tem funcionado e tem sido da maior importância”, mas admitiu que não se passa o mesmo entre as principais forças políticas.

Cavaco disse, no entanto, ter “alguma esperança” e elogiou as recentes reuniões pedidas pelo PS aos restantes partidos com assento parlamentar: “Isso foi positivo”.

Elogio a Barroso
Interrogado sobre o desempenho de Durão Barroso como presidente da Comissão Europeia ao longo de quase dois mandatos (o segundo termina no próximo ano), o Presidente disse fazer “uma avaliação muito positiva”.

“Durão Barroso prestigiou Portugal”, disse, frisando o facto de o ex-primeiro-ministro português, por quem foi recebido na quinta-feira, ser o segundo presidente da Comissão a realizar dois mandatos e de alertar para as consequências da austeridade.

Cavaco deixa, no entanto, críticas às actuais lideranças europeias e ao que disse ser um excesso de concentração “na austeridade e na disciplina orçamental”. “Ignorou-se de alguma forma a vertente do crescimento, as coisas estão a mudar, mas tardiamente”. E diz confiar muito “na sobrevivência do euro”. “Seria um erro dramático para toda a Europa se fosse posto em causa o euro”, insistiu.