Turquia: manifestação no domingo, greve na segunda
Anúncios após a operação policial que expulsou os manifestantes de Gezi.
Pouco antes da operação policial, a Plataforma de Solidariedade da Praça Taksim marcou uma manifestação para 16h locais (14h, em Lisboa), para recordar as quatro vítimas mortais na onda de protestos que há duas semanas agita a Turquia.
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Pouco antes da operação policial, a Plataforma de Solidariedade da Praça Taksim marcou uma manifestação para 16h locais (14h, em Lisboa), para recordar as quatro vítimas mortais na onda de protestos que há duas semanas agita a Turquia.
E logo após a intervenção da polícia, a Confederação dos Trabalhadores anunciou uma greve geral para segunda-feira. “Já tínhamos decidido que se houvesse uma intervenção no parque, faríamos greve. Por isso amanhã [domingo] vamos declarar greve para segunda-feira”, anunciou um porta-voz do sindicato, citado pela Reuters.
Um outro sindicato estava reunido de emergência para decidir se também aderia à greve.
Os protestos na Turquia decorrem há duas semanas. Tudo começou com a intenção de Erdogan construir um centro comercial no Parque Gezi, no centro de Istambul, o que motivou a mobilização de vários sectores da sociedade turca.
Mas este foi apenas o gatilho que fez disparar a fúria com as políticas conservadoras e islamizantes do Governo e o ímpeto de lançamento de projectos faraónicos em Istambul.
É que a este descontentamento não é alheia a política de Erdogan e algumas regras que o Governo aprovou nas últimas semanas e que, segundo os observadores, têm como finalidade islamizar a sociedade turca. Recep Erdogan, líder do AKP, é um conservador. O partido é de inspiração islâmica e está no poder há dez anos. Tem imposto uma visão moralista da sociedade que, apesar de maioritariamente muçulmana, é laica.
Recentemente, foi limitada a venda de álcool, assim como a publicidade a este produto. E numa estação de metro de Ancara foi transmitido um aviso sonoro dizendo a um grupo de adolescentes que lá se encontrava que os beijos em público são proibidos. As hospedeiras da Turkish Airlines foram proibidas de usar saias demasiado curtas e justas e baton vermelho — a revista Foreign Policy fala de uma vaga de neo-otomanismo na Turquia, de que faz parte um plano de construção de edifícios de grande envergadura.