Snowden diz que EUA espiam instituições civis em Hong Kong e na China continental
O homem que revelou documentos ultra-secretos da Agência de Segurança Interna norte-americana diz que o programa de vigilância nos dois territórios começou em 2009.
Numa entrevista ao jornal em língua inglesa South China Morning Post, Snowden afirma que um dos alvos é a Universidade Chinesa de Hong Kong, mas também faz referência a "responsáveis do Estado", "empresas" e "estudantes". O antigo funcionário da CIA e da Agência de Segurança Interna (NSA, na sigla original) diz que revelou esta informação para demonstrar "a hipocrisia do governo dos Estados Unidos quando alega que não tem como alvos infra-estruturas civis".
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Numa entrevista ao jornal em língua inglesa South China Morning Post, Snowden afirma que um dos alvos é a Universidade Chinesa de Hong Kong, mas também faz referência a "responsáveis do Estado", "empresas" e "estudantes". O antigo funcionário da CIA e da Agência de Segurança Interna (NSA, na sigla original) diz que revelou esta informação para demonstrar "a hipocrisia do governo dos Estados Unidos quando alega que não tem como alvos infra-estruturas civis".
"Ouvi de uma fonte segura que o governo dos Estados Unidos está a tentar forçar o governo de Hong Kong a extraditar-me antes que o governo local tenha conhecimento disto [das operações de vigilância da NSA em Hong Kong]. O governo dos Estados Unidos fará tudo para me impedir de falar disto publicamente, e é por isso que estão a tentar forçar a minha extradição", disse Edward Snowden ao South China Morning Post.
Num comunicado citado pelo jornal britânico The Guardian, os responsáveis da Universidade Chinesa de Hong Kong afirmam que não foi detectada qualquer tentativa de intrusão nos seus servidores. As autoridades locais também não parecem estar particularmente incomodadas com as palavras de Edward Snowden. "Acho que isto não muda nada, já que ele não disse muitas coisas e não revelou nenhum pormenor", considera Charles Mok, conselheiro do Parlamento e antigo presidente da associação de fornecedores de acesso à Internet de Hong Kong.
Edward Snowden chegou a Hong Kong no dia 20 de Maio, onde diz querer permancer por acreditar no sistema de justiça desta região administrativa especial da China – apesar da tutela de Pequim, Hong Kong é independente em questões de justiça, liberdade de imprensa e educação.
Analistas citados pelo jornal em língua inglesa China Daily consideram que as recentes revelações sobre o programa de vigilância dos Estados Unidos podem travar o desenvolvimento das relações sino-americanas, principalmente depois de Washington ter repetido as acusações de que Pequim mantém um programa de ciberespionagem.
"Há meses que Washington acusa a China de ciberespionagem, mas afinal a maior ameaça à liberdade individual e à privacidade nos Estados Unidos é o poder desenfreado do governo", afirma Li Haidong, especialista em estudos americanos na Universidade de Relações Externas da China.
Mas também há quem defenda uma maior aproximação entre os dois países. Zhang Tuosheng, investigador na Fundação Chinesa para Estudos Internacionais e Estratégicos, considera que as revelações de Edward Snowden constituem uma oportunidade para que os Estados Unidos e a China comecem a colaborar. "Em vez de se criticarem mutuamente enquanto escondem os seus próprios problemas, Washington e Pequim deviam trabalhar em conjunto para aprovarem uma série de regulações", disse o especialista.