Erdogan lança ultimato aos manifestantes: "A paciência chegou ao fim"
"Este é o meu último aviso", disse o primeiro-ministro turco, depois de ter dado ordens às forças de segurança para acabarem com os protestos "em 24 horas".
"Este é o meu último aviso. Peço às mães e aos pais que tirem os seus filhos [do local dos protestos]. Não podemos esperar mais porque o Parque Gezi não pertence às forças ocupantes, mas sim às pessoas", disse Erdogan durante uma reunião do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder) em Ancara.
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"Este é o meu último aviso. Peço às mães e aos pais que tirem os seus filhos [do local dos protestos]. Não podemos esperar mais porque o Parque Gezi não pertence às forças ocupantes, mas sim às pessoas", disse Erdogan durante uma reunião do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder) em Ancara.
Centenas de pessoas manifestaram-se na manhã desta quinta-feira na Praça Taksim, no centro de Istambul, depois de o primeiro-ministro ter dado ordens ao Ministério do Interior para pôr fim aos protestos "em 24 horas".
Na quarta-feira à noite, no final de uma reunião com 11 representantes dos manifestantes, o Governo turco deixou no ar a possibilidade de realizar um referendo sobre a construção de um centro comercial no parque Gezi – o derrube de uma das poucas áreas verdes da cidade para a construção de um centro comercial foi o motivo original da manifestação, que acabou por degenerar em protestos contra o Governo de Erdogan um pouco por todo o país.
"O resultado da reunião é o seguinte: podemos levar este assunto a referendo. Não para a Turquia inteira, mas perguntaremos aos cidadãos de Istambul", anunciou na noite de quarta-feira Hüseyin Çelik, porta-voz do AKP, citado pelo jornal turco Hurriyet Daily News.
Mas a oferta não aliciou os manifestantes, que exigem o cumprimento de uma decisão judicial. "Já existe uma decisão do tribunal que ordena a suspensão dos trabalhos no Parque Gezi", lembrou Tayfun Kahraman, da coligação de grupos ambientalistas Taksim Dayanismasi (Solidariedade com Taksim). Os responsáveis desta coligação disseram ao jornal em língua inglesa Today’s Zaman que não foram convidados para a reunião de quarta-feira à noite com o primeiro-ministro.
Para além da providência cautelar aceite pelo tribunal, os representantes da Solidariedade com Taksim questionam também a legalidade de um eventual referendo, já que a população só pode ser chamada a votar sobre assuntos constitucionais. "Vão perguntar-nos se concordamos com o corte de árvores? E o que é que isso mudaria?", questionou um jovem estudante de 22 anos, identificado apenas como Arzu, que falou à agência AFP.
Os manifestantes são claros nas suas exigências: "É indispensável que o Parque Gezi continue a ser um parque, que a violência chegue ao fim e que os responsáveis pelos actos de violência sejam investigados", disse o arquitecto Ipek Akpinar, que integrou a delegação que se encontrou na noite de quarta-feira com o primeiro-ministro.