António Costa apela à "convergência no essencial"
Cerimónia de inauguração da Avenida Álvaro Cunhal, em Lisboa.
Nesta cerimónia, que decorreu sob chuva fraca e foi acompanhada por dezenas de pessoas, estiveram presentes a irmã do antigo líder do PCP, Eugénia Cunhal, e o actual secretário-geral deste partido, Jerónimo de Sousa, entre outros dirigentes e militantes comunistas.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Nesta cerimónia, que decorreu sob chuva fraca e foi acompanhada por dezenas de pessoas, estiveram presentes a irmã do antigo líder do PCP, Eugénia Cunhal, e o actual secretário-geral deste partido, Jerónimo de Sousa, entre outros dirigentes e militantes comunistas.
Depois de Jerónimo de Sousa ter enaltecido a vida e a obra de Álvaro Cunhal, numa tribuna instalada pela autarquia, António Costa referiu-se ao líder histórico do PCP de forma elogiosa, apontou-o como uma figura marcante do século XX português e um exemplo, a partir do qual fez um apelo à "convergência", sem identificar a quem se dirigia.
O autarca socialista considerou que o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal acontece num tempo difícil, que interpela, desafia e responsabiliza a todos. "Este tempo exige a nossa intervenção e não a nossa indiferença, a nossa acção e não a nossa submissão, a nossa convergência no essencial e não a nossa divisão no acessório. Precisamos de ideias, de causas, de esperança e de confiança no futuro", afirmou.
"Penso que o melhor tributo que podemos prestar a Álvaro Cunhal é olhar para aquilo que na sua vida e na sua luta nos pode inspirar, unir e mobilizar. Falo no seu exemplo de seriedade pessoal, da coragem na adversidade, da audácia na acção, da capacidade de resistir e de persistir, da clareza nos propósitos e objectivos, da firmeza e da tenacidade na luta", acrescentou.
"Sabemos que, em todo o mundo, vivemos um tempo de grandes transformações tecnológicas, culturais e económicas, mas não podemos aceitar que isso sirva de álibi para operar uma regressão civilizacional, que nos levaria a deitar fora o que de mais humano, justo, livre e democrático conseguimos alcançar numa luta de séculos", concluiu.
Segundo António Costa, "qualquer que seja o juízo que se tenha" das ideias e do legado político de Álvaro Cunhal, "ninguém lhe pode negar a entrega total e pessoalmente desinteressada àquilo em que acreditava, a coerência firme e inflexível, a militância constante e determinada, a fidelidade e a devoção aos seus princípios ideológicos e políticos".
Figura imprescindível na cidade
"Ao atribuir o nome de Álvaro Cunhal a uma avenida da nossa cidade, a Câmara Municipal de Lisboa cumpre a sua responsabilidade institucional na construção de uma memória colectiva aberta, plural, tolerante e actualizada", defendeu, acrescentando mais tarde que o líder histórico do PCP "era uma figura imprescindível no espaço público da cidade de Lisboa".
Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse que o "percurso de revolucionário corajoso e íntegro" de Álvaro Cunhal permanecerá na "memória colectiva como uma referência e uma fonte de inspiração para as gerações vindouras, guiadas pelos ideais da liberdade, da democracia, da justiça social, pela construção de uma sociedade nova liberta de todas as formas de opressão e da exploração".
No final da cerimónia, a banda do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa tocou "A Internacional". Algumas pessoas ergueram o punho direito e ouviram-se gritos de "PCP". A seguir, foi tocado o hino nacional.
Eugénia Cunhal declarou estar comovida com a homenagem prestada ao seu irmão, falecido em 2005.
Questionado pelos jornalistas se tinha feito um apelo a uma convergência da esquerda, António Costa riu-se e escusou-se a desenvolver o assunto.