PSD e CDS defendem maior exigência perante a troika
Intervenções de Miguel Frasquilho e João Almeida muito críticas para os credores internacionais.
“Não podemos permitir o reconhecimento envergonhado de erros. Não podermos admitir divergências públicas entre diferentes instituições”, disse João Almeida, questionando como é que se pode explicar os sacrifícios aos portugueses quando “os parceiros internacionais perdem tempo” a discutir os erros do relatório do FMI sobre o programa de ajustamento da Grécia.
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“Não podemos permitir o reconhecimento envergonhado de erros. Não podermos admitir divergências públicas entre diferentes instituições”, disse João Almeida, questionando como é que se pode explicar os sacrifícios aos portugueses quando “os parceiros internacionais perdem tempo” a discutir os erros do relatório do FMI sobre o programa de ajustamento da Grécia.
O vice-presidente da bancada centrista condenou as declarações feitas pelo comissário europeu Olin Rehn (disse que o FMI está a "lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus"): “São totalmente inaceitáveis e devem merecer o repúdio dos portugueses. Como é possível dizer que o FMI está a sacudir água do capote?”, criticou João Almeida.
Defendendo que “Portugal tem que exigir permanentemente a adaptação do programa à realidade”, o dirigente centrista assumiu que “o esforço dos portugueses já foi ao limite do aceitável": "É altura de exigir o mesmo esforço aos nossos parceiros”.
Logo depois, o líder da bancada bloquista, Pedro Filipe Soares, reagia: “Dizer, como o CDS que temos de exigir mais à troika por já não podemos exigir mais aos portugueses, é dizer que tem de haver consequências destas palavras quando hoje mesmo votamos”. O mesmo pediu o deputado Basílio Horta, do PS, dirigindo-se à bancada centrista: “Espero que o CDS tire as consequências do seu discurso”
Já antes o vice-presidente da bancada do PSD Miguel Frasquilho tinha deixado críticas às instituições internacionais. “A troika tem actuado sempre com atraso – como se diz, atrás do prejuízo ou “behind the curve” – e isso é o que não devia ter acontecido. Porque só tem ajudado a piorar a situação, quer em termos económicos e sociais, quer dificultando o consenso político e com os parceiros sociais”, afirmou.
O deputado do PSD defendeu, por isso, a necessidade de que “as orientações europeias mudem”. E de Portugal ter mais tempo. “Lançar austeridade sobre austeridade, como foi imposto pela troika, não resultou como estava previsto no memorando. Urge, por isso, alterar o rumo dos acontecimentos. Portugal precisa de mais tempo da parte dos credores”, defendeu, sublinhando que Portugal só pode pagar a sua dívida se tiver condições. “Nomeadamente, mais tempo e deixar respirar a economia. Sem gerarmos riqueza, não conseguiremos pagar a nossa dívida. E, senhores deputados, nós queremos pagar a nossa dívida!”, concluiu.
Miguel Frasquilho salienta o que está em causa na necessidade desta mudança de orientação: a própria sobrevivência do euro. “Não é só Portugal que tem a ganhar com uma mudança de orientação da Europa. Vou mais longe: é o próprio projecto europeu que está em jogo. É da sobrevivência do euro que estamos a falar”, afirmou.