"A minha demissão é totalmente injusta e injustificada", diz Silva Rodrigues

Presidente da Carris e Metro insatisfeito com a sua saída.

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Trabalhadores temem perda de direitos com a subconcessão Lionel Balteiro

"A defesa da minha honra obriga-me a provar que a minha demissão é totalmente injusta e injustificada", diz Silva Rodrigues em carta enviada esta tarde à comunicação social.

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"A defesa da minha honra obriga-me a provar que a minha demissão é totalmente injusta e injustificada", diz Silva Rodrigues em carta enviada esta tarde à comunicação social.

Silva Rodrigues, ainda presidente da empresa resultante da fusão da Carris e do Metro de Lisboa, assume desde 2003 a presidência do conselho de administração da Carris.

Intitulado "Obviamente, não me demiti", o texto de oito páginas do responsável apresenta um retrato do seu percurso profissional e decisões tomadas desde a entrada na administração da Carris.

No documento, Silva Rodrigues diz ter sido demitido "num processo sumário, inadequadamente fundamentado e explicado, que atenta" contra o seu "bom nome" e reputação profissional.

"Terei, seguramente, oportunidade, porque vivemos num Estado de direito democrático, de demonstrar a minha razão, de demonstrar que as decisões tomadas, em 2005, 2006 e 2007 (...) foram corretas e adequadas e tiveram como único objectivo defender o interesse da Carris e, consequentemente, do seu accionista, o Estado português", escreve José Manuel Silva Rodrigues.

O gestor realça ainda que os quatro contratos swap assinados pela Carris "foram sempre, apenas, e só, destinados a cobrir o risco da taxa de juro da dívida" da empresa, e cada uma das operações teve por base um empréstimo em que a Carris paga uma taxa indexada à Euribor.

"A Carris não tem qualquer operação de derivados em carteira, cuja evolução não dependa única e exclusivamente de oscilações da curva de taxas de juro do euro", realça.

O Governo decidiu na quinta-feira em conselho de ministros demitir gestores de empresas públicas que estiveram envolvidos em contratos swap especulativos na CP, Metro de Lisboa, Carris, Metro do Porto, STCP e EGREPP.

“O conselho de ministros determinou a demissão de gestores públicos, a cessação da designação em regime de substituição de vogal de instituto público ou ainda o afastamento dos cargos de direcção ou de responsabilidade na área financeira de personalidades que tenham estado envolvidas na negociação de contratos de instrumentos financeiros derivados de natureza claramente especulativa e ou contratualmente desequilibrados”, lê-se no comunicado enviado no final da reunião do Governo.

Esta decisão surge na sequência do relatório elaborado pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, que concluiu pela existência de contratos deste tipo, de que resultaram prejuízos avultados e riscos significativos para o erário público, explica o Governo na sua página oficial.

Em causa estão os contratos que foram celebrados pela CP - Comboios de Portugal, Metropolitano de Lisboa, Entidade Gestora de Reservas Estratégicas de Produtos Petrolíferos (EGREPP), Companhia Carris de Ferro de Lisboa, Metro do Porto e Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) com diversas instituições financeiras.