Coreia do Sul aceita proposta da Coreia do Norte para negociações
Futuro do complexo industrial de Kaesong, visitas turísticas e reunião de famílias seriam temas a discutir. Abertura ao diálogo segue-se a meses de tensão e ameaças.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
"Esperamos que a Coreia do Sul e a Coreia do Norte aproveitem esta oportunidade para construir uma relação de confiança mútua", acrescenta o ministério.
Num comunicado difundido pela agência noticiosa norte-coreana KCNA, o Comité do Norte para a Reunificação Pacífica da Coreia (CPRK), responsável pelas relações com o Sul, propôs negociações, em particular sobre o complexo industrial inter-coreano de Kaesong e a reunião de famílias separadas pela guerra da Coreia, cujos confrontos terminaram em 1953 mas que tecnicamente continua a decorrer por ter acabado com um armistício e não com um tratado de paz.
O CPRK não especificou qual o nível de representação nas discussões e deixou ao Governo de Seul a escolha da data e do local dos contactos.
A Coreia do Norte declarou-se disposta a discutir o futuro de Kaesong (encerrado no início de Abril) por sua decisão. Há pouco mais de uma semana foram dados sinais da vontade norte-corena de reabrir o complexo. Tal como antes fizera a Coreia do Sul. Kaesong, localizado em território norte-coreano, perto da fronteira, é uma importante fonte de divisas para o regime liderado por Kim Jong-Un. Até ter sido encerrado, trabalhavam ali mais de 50 mil norte-coreanos e centenas de quadros sul-coreanos.
O Governo de Pyongyang está também disposto a negociar a retoma das visitas turísticas ao monte Kumgang. "As questões humanitárias como a reunião de famílias separadas podem ser debatidas nestas discussões, se necessário", indica ainda o comunicado do CPRK.
O princípio de acordo para o diálogo segue-se a um período de tensão entre os Estados Unidos e o regime norte-coreano, após um teste nuclear, em Fevereiro deste ano, seguido de ameaças de ataque a Washington e Seul. Na mais recente crise entre os dois países os canais de comunicação foram sendo cortados um a um.
A Presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, manifestou também abertura para o diálogo, mas declarou que a Coreia do Norte deve previamente renunciar ao desenvenvolvimento de armamento nuclear. Esta condição tem sido considerada inaceitável pelo regime norte-coreano, que, apesar das condenações internacionais, invoca o que considera ser um direito de soberania.
Por questões como esta, o anúncio desta quinta-feira está a ser acolhido com prudência, devido às dificuldades em criar uma confiança quase inexistente. "A Coreia do Norte tenta tomar a iniciativa, mas é muito cedo para dizer se a sua proposta levará a um diálogo sincero", disse Yang Moo-Jin, professor na Universidade de Estudos Norte-Coreanos, em Seul.