Uma linda metáfora da Bíblia
A partir do momento em que o jornalista abdica de o ser para ter a “carteira de assessor”, continua a ser um profissional de comunicação. A pergunta é objectiva e a resposta é fechada: é bom profissional? Sim? Não?
É deveras interessante analisar a quantidade de reportagens já publicada nos vários meios de Comunicação Social sobre a alegada incapacidade dos assessores dos ministérios em trabalhar de forma sincronizada para “fazer passar a mensagem”. Os vários “peritos” entretanto escutados são unânimes em considerar que a contratação de ex-jornalistas para prestarem assessoria de comunicação aos ministros é, quase sempre, um erro de "casting".
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É deveras interessante analisar a quantidade de reportagens já publicada nos vários meios de Comunicação Social sobre a alegada incapacidade dos assessores dos ministérios em trabalhar de forma sincronizada para “fazer passar a mensagem”. Os vários “peritos” entretanto escutados são unânimes em considerar que a contratação de ex-jornalistas para prestarem assessoria de comunicação aos ministros é, quase sempre, um erro de "casting".
Nada mais errado. A partir do momento em que o jornalista abdica de o ser para ter a “carteira de assessor”, continua a ser um profissional de comunicação. A questão está em saber se sabe ou não vestir o casaco de assessor. E como quem não quer ser lobo não lhe veste a pele, não pode estar em causa se a sua formação de base é de assessoria ou de jornalismo. A pergunta é objectiva e a resposta é fechada: é bom profissional? Sim? Não?
Se outros argumentos fossem necessários, partilho aqui uma história que ouvi há alguns anos, em que um assessor de um alto responsável político me contava que periodicamente havia uma reunião geral (de assessores) para decidirem se o jornalista “A” ou “B” ia ser “queimado” nessa semana, como correctivo aplicado por causa de notícias tidas por inconvenientes. E como é que isso se faz? Simples: transformando uma informação inverosímil numa informação com créditos (leia-se fontes… que preferem o anonimato), para no dia seguinte sair a informação oficial.
Portanto, não está em causa o “ser” assessor de formação, “vir do jornalismo” ou de outra profissão qualquer. Está em causa apenas e somente o ser bom profissional e trabalhar de boa fé, com respeito total por todas as partes. Ou não. Registe-se, como curiosidade, que os profissionais do jornalismo, com tantas responsabilidades na condução da opinião pública, não são obrigados a serem formados nessa área. Porém, é salutar dizer que, felizmente, há cada vez menos “tipos com jeito para escrever” a fazerem de jornalistas…
As críticas feitas por profissionais de assessoria aos profissionais que trabalham em assessoria soa, assim, ao extravasar de dois sentimentos um bocadinho para o feio: a inveja e a cobiça. Mesmo para quem não é religioso, há duas ou três passagens da Bíblia que ao seu bom estilo metafórico deviam fazer corar de vergonha quem assim fala.