O novo pavilhão da Serpentine Gallery é como uma nuvem de aço
A nova estrutura foi desenhada pelo japonês Sou Fujimoto e abre no sábado, para dar aos visitantes dos Jardins de Kensington, em Londres, uma experiência única. Durante todo o Verão.
Para Fujimoto, 41 anos, um dos nomes mais importantes da arquitectura japonesa, o pavilhão de 350 metros quadrados construído no relvado em frente à galeria, instalada numa casa neo-clássica, é “uma nuvem de aço”, uma espécie de “neblina” que invade os Jardins de Kensington. Para Wainwright, a estrutura de metal – um anel irregular e semitransparente – é como uma “pérgola de jardim sob o efeito de esteróides”.
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Para Fujimoto, 41 anos, um dos nomes mais importantes da arquitectura japonesa, o pavilhão de 350 metros quadrados construído no relvado em frente à galeria, instalada numa casa neo-clássica, é “uma nuvem de aço”, uma espécie de “neblina” que invade os Jardins de Kensington. Para Wainwright, a estrutura de metal – um anel irregular e semitransparente – é como uma “pérgola de jardim sob o efeito de esteróides”.
O pavilhão, que abre a 8 de Junho e só é desmontado no fim do Verão, é o 13.º de um programa que a Serpentine tem vindo a dedicar à arquitectura, com uma impressionante lista de encomendas de que fazem parte os portugueses Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura, o brasileiro Oscar Niemeyer, a dupla suíça Herzog e de Meuron e a anglo-iraquiana Zaha Hadid, assim com o artista plástico chinês Ai Weiwei. Sou Fujimoto é o mais novo dos convidados e, segundo Wainwright, é autor de uma das propostas “mais radicais” apresentadas até hoje.
Num texto breve no site da Serpentine, Fujimoto diz que o objectivo do seu pavilhão, que permite a quem entra integrar-se na paisagem, é interpelar o visitante. O arquitecto quer convidá-lo a entrar e a experimentar o espaço à sua maneira, quer que ele se aperceba de que se trata de um lugar onde o natural e o construído se confundem: “É uma nova forma de ambiente. Não é só arquitectural, nem só natural, mas um encontro único dos dois.”
Tal como a maioria dos seus projectos - a N House (Oita, 2008) e a House Before House (Utsunomiya, 2009) são bons exemplos -, o novo pavilhão de Fujimoto, uma massa de metal sem contornos definidos composta por ripas de aço brancas, procura integrar as árvores que o rodeiam, criando um espaço habitável entre o natural e o artificial, esbatendo assim as fronteiras entre as duas dimensões.
À medida que se contorna a estrutura, diz o crítico do Guardian, as grelhas sobrepostas criam ilusões de óptica, formando “padrões em contante mutação”, como se de um tartan (tecido tradicional escocês) tridimensional se tratasse. “Em alguns lugares parece sólido, como uma montanha densa e rochosa; noutros mal se faz notar.”
Lá dentro, garante Wainwright , o pavilhão metálico que o vento pode atravessar é deslumbrante: “Parece um processador de computador, tal como o imaginávamos nos anos 1980”, escreve, referindo-se a uma paisagem quase infinita de ripas que formam estruturas modulares que, por sua vez, dão lugar a bancos, degraus, mesas, terraços e patamares onde as pessoas podem sentar-se à conversa. Tudo como se Fujimoto revelasse através desta malha intrincada “uma ordem geométrica invisível de que todo o mundo é feito”.
O arquitecto, por seu lado, compara o seu processo de trabalho, que parte de desenhos feitos à mão, ao acto de podar um bonsai, e espera que o visitante venha a encontrar no seu pavilhão “espaços acolhedores”. Fujimoto, que recorre com frequência à natureza quando fala dos edifícios que projecta, usando palavras como “ninho”, “gruta” ou “floresta”, bem poderia referir-se a este como “teia”.
Pena é, escreve Wainwright, que o pavilhão de Fujimoto, verdadeira “utopia” com uma esplanada lá dentro, esteja coberto de placas de acrílico para proteger da chuva e cheio de corrimãos de segurança e balaustradas para evitar acidentes.
Fujimoto junta-se agora aos outros japoneses que já projectaram o pavilhão de Verão da Serpentine: Toyo Ito (2002) e Kazuyo Sejima & Ryue Nishizawa, do atelier SANAA (2009).