Protestos multiplicam-se mas CTT continuam a forrar estações a papel pardo
Na Ajuda, em Lisboa, a empresa aceitou negociar uma solução com a junta. Mas noutros locais o encerramento tem-se concretizado "sem aviso prévio", diz o sindicato, garantindo que a luta vai continuar.
“Este caso da Ajuda vai dar ânimo aos outros para continuarem a luta, que agora é mais pela reabertura do que contra o encerramento”, acredita o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso. Segundo o dirigente sindical, “entre ontem [quinta-feira] e hoje devem encerrar 40” estações. “E de certeza que haverá mais a serem fechadas e forradas com o famoso papel pardo”, lamenta, garantindo que a luta também vai continuar.
Os CTT têm recusado revelar o número de estações que vão encerrar e em que locais. Contactado na manhã desta sexta-feira, o assessor de imprensa remeteu uma resposta para esta tarde. Segundo as contas do PÚBLICO, tendo por base as notícias de encerramentos e protestos, nos últimos dois meses encerraram (ou foi anunciado o encerramento de) 41 estações um pouco por todo o país. Na maior parte das vezes, “sem aviso prévio”, nota Vítor Narciso.
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“Este caso da Ajuda vai dar ânimo aos outros para continuarem a luta, que agora é mais pela reabertura do que contra o encerramento”, acredita o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso. Segundo o dirigente sindical, “entre ontem [quinta-feira] e hoje devem encerrar 40” estações. “E de certeza que haverá mais a serem fechadas e forradas com o famoso papel pardo”, lamenta, garantindo que a luta também vai continuar.
Os CTT têm recusado revelar o número de estações que vão encerrar e em que locais. Contactado na manhã desta sexta-feira, o assessor de imprensa remeteu uma resposta para esta tarde. Segundo as contas do PÚBLICO, tendo por base as notícias de encerramentos e protestos, nos últimos dois meses encerraram (ou foi anunciado o encerramento de) 41 estações um pouco por todo o país. Na maior parte das vezes, “sem aviso prévio”, nota Vítor Narciso.
Para esta sexta-feira estão previstas duas acções de protesto em Lisboa. Uma é às 16h30 nos Anjos, freguesia cuja estação deve encerrar na próxima segunda-feira. Em comunicado, a junta – que se vai juntar ao protesto – sublinha que a freguesia está “situada numa zona da cidade com um considerável número de população envelhecida e com ruas íngremes", o que levou à criação de um serviço de transporte gratuito, que leva as pessoas a destinos como a estação de correios que irá encerrar.
Em Carnide, onde a estação da Quinta da Luz foi encerrada nesta quinta-feira apesar dos esforços da junta de freguesia, haverá outra manifestação, às 17h, em frente ao edifício. Daí, a população segue para a estação do Centro Comercial Colombo, apresentada como alternativa pela administração dos CTT, onde deverá continuar o protesto.
Na quinta-feira, a população de Lanheses, em Viana do Castelo – distrito que segundo os sindicatos vai perder dez a 12 estações – também se manifestou. Neste caso, a administração dos CTT revelou aos sindicatos que não pretende encerrar os correios, mas sim transformar as estações de Lanheses, Darque e Vila Nova de Anha em postos de correio, que fazem todos os serviços à excepção dos financeiros, como seguros ou certificados de aforro.
Dois milhões sem correios
O SNTCT fez as contas e concluiu que desde que começou a “fúria encerradora” dos CTT, em 2011, já encerraram mais de 200 estações, afectando dois milhões de portugueses. Serão 70 desde o início do ano, números que a empresa não tem confirmado. O fecho "vai continuar a acontecer até à privatização", acredita Vítor Narciso. Onde? “Estão a encerrar nos arredores das grandes cidades e no interior do país, nas zonas mais desfavorecidas”, denuncia.
Vítor Narciso admite que “alguns [encerramentos] provavelmente até se justificam”. Dá como exemplo Lisboa, onde num raio de poucos metros havia quatro estações e uma foi encerrada “sem problemas”. Mas, sublinha, “isso é em Lisboa, outra coisa é no interior do país”.
À medida que fecha estações, a administração dos CTT entrega o serviço postal às juntas de freguesia ou a privados, como proprietários de papelarias, cafés, lojas. O problema, refere o sindicalista, é que “com a crise muitos destes estabelecimentos estão a fechar”. “Já fomos encontrar papelarias onde funciona o posto de correio com um papel à porta a dizer "trespassa-se", alerta Vítor Narciso.
Depois há outras questões, relacionadas com a segurança – nos dias de pagamento das reformas, por exemplo, os estabelecimentos têm de lidar com grandes quantias em dinheiro – e o sigilo profissional, difícil de manter nos meios mais pequenos. "E nas férias? Quando esses estabelecimentos encerram para férias quem é que entrega o correio?", questiona.
Os planos do Governo para os CTT, que passam pela privatização, merecem também o protesto dos principais partidos da oposição, PCP, PS e BE. Os três apresentaram projectos de resolução que vão ser debatidos e votados nesta sexta-feira. No entanto, o objectivo de travar a privatização dos CTT não deverá ser alcançado, já que a maioria PSD/CDS que está no Governo parece decidida a concretizar a venda que faz parte do programa de privatizações acordado com a troika.