Bashar al-Assad pode recandidatar-se nas presidenciais sírias de 2014

Presidente sustenta o discurso na vontade do povo. É este, disse, que pressiona para que se abra uma frente de "resistência" com Israel nos Montes Golã.

Foto
Assad durante a entrevista com a jornalista da Al Manar AFP

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"A questão [da recandidatura] será decidida no momento próprio (...) se eu sentir que há necessidade de ser candidato. Isso será decidido depois de consultar o povo e se sentir que apoiam a minha candidatura, então não hesitarei", disse Assad. "Se sentir que o povo sírio não o quer (...) então não me candidato".

 

Uma das declarações mais surpreendentes do Presidente sírio versou outro tema, as relações com Israel, que Assad explicou também com a vontade do povo. "Há uma clara pressão popular para que abra a frente de resistência [contra Israel] nos Golã. Há muitos factores para que isso aconteça, como as constantes agressões israelitas", disse Assad na entrevista que foi gravada há dias e transmitida esta noite na Tv Al-Manar.

 

O Hezbollah é um movimento xiita libanês cuja milícia combate ao lado de Assad (que é alauíta, um ramo xiita) na guerra civil síria. Assad defendeu a participação desta milícia ao lado das suas tropas e disse que o exército sírio e o Hezbollah fazem agora parte "do mesmo eixo".

 

O Presidente sírio anunciou que os mísseis terra-ar S-300 russos já começaram a chegar ao seu país e disse estar confiante na vitória das suas forças armadas sobre o exército da oposição, que tenta derrubar o seu regime, e sobre outros grupos armados. Comentou o actual momento do conflito e disse que a vantagem está do seu lado e que será o vencedor.

 

A presença do Hezbollah na guerra síria, que dura há 26 meses, assim como a de milícias iranianas, foram os motivos avançados pela oposição síria para não participar na Conferência Internal de Paz que terá a chancela das Nações Unidas mas foi promovida pelos Estados Unidos e pela Rússia.

 

Apesar da ausência da oposição na que seria a primeira iniciativa a juntar, frente a frente, os dois lados do conflito – Assad disse que em príncipio enviaria representantes –, as Nações Unidas anunciaram ao início da noite que no dia 5 de Junho se realiza uma reunião para a preparar.

 

"Podemos confirmar que no dia 5 de Junho representantes dos Estados Unidos, da Rússia e da ONU terão uma reunião tripartida em Genebra para preparar a Conferência Internacional sobre a Sìria", disse a organização em comunicado.

 

A partida de Assad do poder tem sido a condição de topo da oposição para se comprometer em conversações de paz. O Presidnete sírio deixou claro que isso não acontecerá: "Eles dizem que querem um governo de transição em que o Presidnete não tem qualquer papel. Ora as prerrogativas do Presidente são fixadas pela Constituição e e Presidente não pode abandonar as suas prerrogativas, a Constituição não lhe pertence".

 

Bashar al-Assad sustentou quase todas as suas declarações na vontade do povo, pelo que explicou que se houver  algum tipo de acordo entre o seu Governo e a oposição, este será sempre colocado à consideração do povo, através de referendo.