Cientistas usam plantas para retirar ouro do solo

Investigadores da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, usaram plantas para "garimpar" metais em minas. Método pode ser usado para limpar solos contaminados com mercúrio

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É possível obter ouro utilizando plantas de crescimento rápido, tal como a mostarda ou o girassol noisen8r/Flickr

Uma equipa de investigadores da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, descobriu um método que permite usar plantas para retirar ouro do solo. A descoberta foi feita por acaso, quando a equipa estava a desenvolver técnicas com plantas para limpar os solos contaminados por mercúrio.

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Uma equipa de investigadores da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, descobriu um método que permite usar plantas para retirar ouro do solo. A descoberta foi feita por acaso, quando a equipa estava a desenvolver técnicas com plantas para limpar os solos contaminados por mercúrio.

Segundo Chris Anderson, um dos investigadores e doutorado da Massey University, é possível obter o material precioso utilizando plantas de crescimento rápido, tal como a mostarda ou o girassol. A ideia surgiu quando Anderson estava a tratar solos contaminados por mercúrio, na Indonésia, e se apercebeu que através das plantas também se conseguia retirar ouro. “Nós usamos plantas para tirar o mercúrio do solo, mas elas também são capazes de retirar ouro”, afirma Chris Anderson.

A descoberta traz assim um retorno financeiro quando aplicada em zonas mineiras com solo contaminado. Isto porque “pode pagar não só a limpeza, mas também a educação e oportunidades para o desenvolvimento da agricultura sustentável”, acrescenta o investigador. O apoio de organizações da Indonésia, tanto governamentais como não governamentais, depressa chegou.

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O investigador Chris Anderson com colegas na Indonésia Universidade de Massey/DR

Criação de centro de pesquisa na Indonésia

O próximo passo é a criação de um centro de pesquisa, para ajudar a restabelecer a qualidade do solo degradado pelo trabalho mineiro. Um projecto que Chris Anderson tem vindo a desenvolver há já dez anos e que, agora, com a nova descoberta, vai tornar-se realidade.

Com a ajuda de parceiros externos, a investigação expandiu e há já uma grande variedade de projetos ambientais. A inauguração do centro está prevista para este ano e para Anderson esta é "uma oportunidade para os pesquisadores e para alunos em regime de pós-graduação tanto de Massey como da Indonésia de trabalharem juntos num dos maiores problemas ambientais deste país em desenvolvimento”.

Quando as plantas atingem a sua altura máxima, o solo deve ser tratado com produtos químicos que tornam o ouro solúvel. Assim, quando a planta transpira, "absorve" o ouro do solo e acumula-o na biomassa.

No entanto, durante o processo de colheita, o ouro não se comporta como um material vegetal, ou seja, é necessário queimar as plantas com grandes quantidades de ácidos fortes para que o elemento químico não desapareça.

Apesar de ter vantagens para a indústria, representa uma enorme desvantagem em termos ambientais já que os riscos são elevados. Para o processo de colheita recorre a produtos químicos extremamente nocivos, tal como o cianeto.