Banco de Portugal alerta que a banca vai ter de continuar a assumir perdas

Num contexto de manutenção de risco de crédito e reduzida rentabilidade, Banco de Portugal recomenda prudência.

Foto
Carlos Costa, governador do Banco de Portugal Jorge Miguel Gonçalves/ NFacto

No Relatório de Estabilidade Financeira divulgado nesta terça-feira, o Banco de Portugal sublinha o quadro de dificuldades em que a actividade bancária continua a desenvolver-se. Apesar de, em 2012, e pela primeira vez desde a existência da zona euro, o sector privado não financeiro ter apresentado, no seu conjunto, "uma situação de capacidade de financiamento", o facto é que isso ficou a dever-se a um aumento da poupança e a um decréscimo de investimento.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

No Relatório de Estabilidade Financeira divulgado nesta terça-feira, o Banco de Portugal sublinha o quadro de dificuldades em que a actividade bancária continua a desenvolver-se. Apesar de, em 2012, e pela primeira vez desde a existência da zona euro, o sector privado não financeiro ter apresentado, no seu conjunto, "uma situação de capacidade de financiamento", o facto é que isso ficou a dever-se a um aumento da poupança e a um decréscimo de investimento.

Neste quadro, "os níveis de endividamento permaneceram muito elevados", com destaque para os sectores da construção, da promoção imobiliária e comércio, lembra o Banco de Portugal, que assinala que, por isso mesmo, as empresas que operam nestas áreas continuam a enfrentar condições muito restritivas na concessão de crédito. Pelo contrário, as empresas dos sectores em descompressão começam a ter a porta mais aberta por parte das instituições financeiras.

Mas, num contexto de "recessão profunda e prolongada que a economia portuguesa atravessa", a banca continua a ser confrontada com o aumento do incumprimento na carteira de crédito, "que está a atingir níveis sucessivamente mais elevados". No caso específico do crédito à habitação, a redução das taxas de juro por efeito da queda dos indexantes estará, no entanto, "a mitigar a deterioração da capacidade de servir a dívida por parte dos particulares".

Na área da habitação, o grande problema da banca, assinala o supervisor, tem a ver com a baixa rentabilidade da carteira de crédito contratada no passado, com taxas de juro que estão desfasadas dos custos de financimento actuais. A reduzida actividade do crédito, a manutenção de custos de financiamento elevados, "associados, nomeadamente, à base dos depósitos e aos instrumentos híbridos, bem como o baixo nível das taxas de juro de curto prazo", estão a contribuir para que a margem financeira dos bancos se encontre sob "pressão descendente".

Com uma situação interna de dificuldade e com o contributo da componente internacional a recuar, "antevê-se uma continuação da materialização do risco de crédito e a necessidade de os bancos manterem uma política prudente de reconhecimento de perdas associadas".