Pouco
Há uma ideia interessante a fervilhar na nova curta da produtiva dupla Filipa Reis/João Miller Guerra (exibida, vá-se lá saber porquê, em complemento de Noutro País de Hong Sangsoo), acompanhando os últimos dias em Portugal de uma antropóloga brasileira prestes a regressar ao país natal: a revelação assumida de que o documentário muitas vezes não é o “cinema-verdade” pelo qual ainda o tomamos mas sim um processo de construção e selecção a partir da realidade, através da intervenção da equipa de filmagens em alguns momentos pedindo a Paula e às suas amigas que “recomecem” a cena devido a dificuldades técnicas ou problemas estéticos.
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Há uma ideia interessante a fervilhar na nova curta da produtiva dupla Filipa Reis/João Miller Guerra (exibida, vá-se lá saber porquê, em complemento de Noutro País de Hong Sangsoo), acompanhando os últimos dias em Portugal de uma antropóloga brasileira prestes a regressar ao país natal: a revelação assumida de que o documentário muitas vezes não é o “cinema-verdade” pelo qual ainda o tomamos mas sim um processo de construção e selecção a partir da realidade, através da intervenção da equipa de filmagens em alguns momentos pedindo a Paula e às suas amigas que “recomecem” a cena devido a dificuldades técnicas ou problemas estéticos.
Daí que o título do filme funcione de modo simultaneamente desarmante e irónico: Fragmentos de uma Observação Participativa seria uma espécie de “espelho” da heroína, “estudando-a” como ela “estudaria” os seus sujeitos e questionando o grau de contaminação que esse estudo pode implicar. Infelizmente, são só as intenções que estão lá; sendo esta a mais interessante e conseguida das seis curtas da dupla, para lá dessa exposição (muito frágil) do processo de filmagem pouco mais há a não ser um retrato simpático mas superficial do quotidiano de três imigrantes brasileiras, que precisaria de mais tempo ou de imagens mais fortes para ganhar um interesse que nunca chega.